Sunday, August 16, 2009

A Administração cega?


Não gostamos de brincar com coisas sérias. Gostamos de defender apenas e só, os cidadãos doentes, sejam eles ricos ou pobres, deficientes ou não, portugueses ou não. Respeitamos, sem qualquer dúvida, os cidadãos deficientes, mais do que aos outros cidadãos, porque a deficiência deve ser encarada como algo que deve ter uma compensação adicional por parte dos que não têm qualquer deficiência.

Lemos isto no dia 31 de Julho de 2009: Os relatórios da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e do Infarmed deverão ser revelados "a qualquer momento. Estamos na expectativa de que sejam entregues amanhã [hoje] ou na segunda-feira", afirma ao DN Adalberto Campos Fernandes, o administrador do Hospital de Santa Maria.

No dia 22 de Julho de 2009, líamos isto: «Não prometo nada. Não vou fazer promessas em cima de especulações nem jogar com ambiguidades», disse Adalberto Campos Fernandes, escusando-se também a avançar qualquer explicação para o caso.

No dia 15 de Agosto de 2009, lemos isto: "O que foi dito aqui [por Monteiro Grillo, director do Serviço de Oftalmologia do hospital] é que era um produto tóxico, mas nunca explicaram que produto tinha sido", contava ontem Walter Bom, que continua sem ver dos dois olhos. "Desde que isto foi para segredo de justiça, eles fecharam-se em copas. Nunca mais disseram nada a ninguém."

Pior, ainda se escreve isto: Ontem, o Jornal de Notícias dizia que poderá ter sido injectado um diurético oriundo de uma planta medicinal conhecida por cavalinha, e que a Polícia Judiciária investigava essa hipótese. O jornal escrevia ainda que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) referiu, nas conclusões do seu relatório ao caso, o elevado risco de troca no medicamento. E que havia outros quatro fármacos (para lá da cavalinha) como hipótese de troca, em relação aos quais o Infarmed terá proposto serem analisados pela agência responsável pelos medicamentos no Reino Unido, por não haver técnicas desenvolvidas para esse tipo de substâncias em Portugal. O Infarmed não quis prestar informações por o processo estar em segredo de justiça.

Como? Responsáveis? Já aqui escrevemos, que este caso teria como "responsável", um tal de Pilatos!

Contudo, nunca imaginámos, que houvesse tanto irresponsável em Portugal. Até no facto de agora virem contar a estrangeirinha de que não há meios de verificar qual era a substância que os doentes receberam nos olhos, e que se terá que mandar os produtos para análise na Grã-Bretanha!

Mas, para que raio servem: o Ministério da Saúde? a Entidade Reguladora da Saúde? a Administração do Hospital de Santa Maria? a Faculdade de Medicina de Lisboa? a Ordem dos Médicos e os seus Colégios de Especialidade? a Inspecção Geral das Actividades em Saúde?

É que isto não se passa no Burkina Fasso, passa-se no mais respeitado Hospital de Portugal: No relatório, terá sido referido que na farmácia hospitalar vários medicamentos citotóxicos são preparados ao mesmo tempo e no mesmo espaço, o que não devia acontecer. Medicamentos com embalagens parecidas no mesmo frigorífico; rótulos de fármacos rasurados ou anotações escritas à mão, terão sido outros problemas detectados.

Dr. Adalberto Campos Fernandes, por que espera?