Não. Não vamos aqui escrever sobre cinema, nem sequer sobre Johnny Depp. Vamos escrever sobre aventuras de médicos na Malásia de Sandokan!
Vejamos esta paisagem: A viagem de cerca de 40 médicos à Malásia a um congresso de ginecologia, que incluiu no programa a visita a uma ilha a 700 quilómetros de distância em que os clínicos se disfarçaram de piratas, já está a ser avaliada pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e vai ser também investigada pela Procuradoria-Geral da República, a quem a Ordem dos Médicos (OM) pediu ontem a abertura de um inquérito.
Mas, digamos que o script não é assim tão mau: Se se confirmar que os médicos foram à ilha pagos pelo laboratório de genéricos J. Neves que patrocinou a ida ao congresso (o laboratório garante que não subsidiou o programa suplementar), o bastonário Pedro Nunes avisa desde já: vão ser alvo de processos disciplinares que podem conduzir à suspensão temporária.
Vejam só, uma "suspensãozinha temporária"! E porquê, Senhor Bastonário? Explica ele: “Há aqui manifestamente a suspeita de um crime. A ordem não é um clube de amigos, é um regulador. Os meus colegas têm a obrigação de saber que aquilo não é permitido desde há alguns anos. Segundo um parecer jurídico que pedimos há algum tempo, isto pode ser entendido como um crime de corrupção activa (da parte do laboratório se se provar que pagou viagens não relacionadas com a formação dos médicos) e, do lado dos médicos, como corrupção passiva para acto lícito ou corrupção passiva para acto ilícito”.
Foi Você que pediu umas fériazinhas nos trópicos asiáticos? Não. Foram os Senhores Doutores. Mas, os requintes da formação dos Senhores Doutores não são para quaisquer mortais: Em LangKawi os médicos vestiram-se de piratas e as imagens do CD que o laboratório terá distribuído como recordação foram profusamente exibidas na peça da TVI, para consternação de Pedro Nunes.