Monday, November 03, 2008

Saúde 24 ou a falta de tino?


Só se deve investir em publicidade, quando podemos oferecer o melhor serviço, quando não existem deficiências ou quando tudo está em condições. Ao contrário, se investimos em publicidade quando há evidentes dificuldades, não estamos a investir, estamos a desbaratar recursos. Assim parece estar a acontecer com o serviço Saúde 24, do Ministério da Saúde.

Vamos ao multibanco e vemos publicidade do Saúde 24. Estamos parados no carro e vemos publicidade em outdoors ao Saúde 24. Mas, a realidade do serviço é esta:
  • Das 02h00 até perto das 07h00 da madrugada de sábado para domingo a Linha Saúde 24 esteve sem conseguir atender chamadas, fazer triagem de doentes ou referenciar casos para as unidades de saúde. Um utente podia ligar, mas o telefonema não era atendido, apesar de lhe ser cobrado o habitual custo da chamada local.
  • Na origem das falhas esteve a actualização do sistema informático, que obrigou ao corte das linhas telefónicas durante uma parte da noite e depois impediu que os enfermeiros conseguissem aceder ao programa informático que faz o despiste das situações e permite o aconselhamento dos utentes sobre o que fazer em caso de doença.

Como? Será isto possível? Anda-se a gastar rios de dinheiro em campanhas de publicidade a um serviço de apoio e de emergência, e ele não funciona? Isto é gestão danosa!

Mas, para piorar a péssima imagem, junta-se mais esta:

  • O Conselho de Administração (CA) da LCS-Linha de Cuidados de Saúde, SA suspendeu ontem uma das enfermeiras supervisoras fundadora do serviço Linha Saúde 24 por considerar a sua presença “inconveniente nas instalações da empresa”. A enfermeira em causa foi a primeira subscritora da carta que um grupo de oito supervisoras do call center de Lisboa escrevera há dias à ministra da Saúde, Ana Jorge, denunciando um conjunto de anomalias no funcionamento daquela linha de atendimento.

Será que voltamos à "caça às bruxas"? Um funcionário que alerta as chefias para as ineficiências, deve ser chamado a colaborar na sua correcção, e nunca ser afastado por tentar corrigir as deficiências. Se a Senhora Ministra colabora com este tipo de gestão danosa, só deve ser co-responsabilizada! Até porque caberia no mínimo à Senhora Ministra fazer estancar os custos de uma campanha publicitária absolutamente descabida para um serviço que não está a cumprir as suas tarefas!