O negócio dos medicamentos é bom. Sempre ou quase sempre, foi bom. Continua a ser bom para os fabricantes e para os retalhistas. Todos ganham e quase todos são muito ricos.
Os Delegados de Informação Médica ganhavam muito dinheiro, para se passearem á porta dos consultórios médicos. Os Directores dos laboratórios farmacêuticos sempre ganharam muito bem. Assim como, ser dono de uma farmácia sempre foi sinónimo de ser quase rico, ou mesmo rico.
Chegaram, entretanto, os genéricos, por força do ex-Ministro Luis Filipe Pereira. Começou a festa a ser menos efusiva.
Os trespasses de farmácia eram chorudos. A margem dos medicamentos, por prescrição médica, eram fixadas por Lei, em cerca de 20%. Que bom negócio, ter uma margem garantida de 20%.
O crescimento da venda de genéricos, por pressão de Correia de Campos, continuou o desgaste das chorudas margens de fabricantes e distribuidores de medicamentos.
A festa não acabou, mas está a tornar-se mais amarga.
- O Governo desistiu de impor às farmácias, à indústria e aos grossistas margens de lucro na venda de medicamentos.
- Para Ana Jorge, ao Estado cabe "salvaguardar o direito ao acesso do cidadão" aos fármacos e que para isso basta-lhe "fixar os preços máximos". Deixa, assim, à indústria, farmácias e distribuidores o ónus da definição das "margens adequadas ao seu próprio negócio".
Por uma vez, estamos em completo acordo com a Ministra da Saúde. Os jogadores do mercado que façam valer os seus trunfos, pois que o Estado definiu o seu tecto máximo.
E, não se venha dizer que os Laboratórios farmacêuticos, representados pela Apifarma, são mais poderosos do que o retalho farmacêutico, representado pela ANF. São dois gigantes em Portugal. Por isso, chegou a altura de viverem com menos!
Mas, será que o sector do medicamento vai ter que viver com menos, ou serão os doentes a pagar mais? Veremos as cenas dos próximos capítulos.