Monday, June 23, 2008

Público versus Privado

A dicotomia sempre existiu, existe e existirá, na opção de escolha entre um serviço público e um serviço privado. Aliás, esta dicotomia é identica entre serviços privados alternativos.

A Eng. Isabel Vaz, Presidente do Conselho de Administração da Espírito Santo Saúde assume aqui, algumas das suas opções comerciais:
  • "há quotas a nível global para cada cliente. Não podemos ter no hospital só doentes da ADSE", que já representa 20% do negócio. Não podemos ficar dependentes de nenhum cliente. O estabelecimento de quotas justifica-se sobretudo porque "há movimentos no sentido de acabar com a ADSE. Temos de zelar pela saúde financeira do hospital e das 900 famílias que aqui trabalham".

Digamos, que não é normal que um gestor assuma em público a política comercial da sua empresa. Mas, a Eng. Isabel Vaz tem todo o direito de o fazer.

Aliás, a polémica que aqui se levanta tem a ver com uma outra dimensão:

  • Um beneficiário da ADSE só consegue marcar uma primeira consulta para 2009. Com um seguro de saúde, a operadora conseguiu encontrar um vaga para terça-feira. Um funcionário do Estado que tentou ainda marcar consulta para cirurgia vascular, conseguiu vaga em Agosto: "aqui a espera não é longa", frisaram do outro lado da linha. Com um cartão da seguradora, teria consulta amanhã.
  • Os doentes do subsistema de saúde falam em discriminação e, ao que o DN apurou, a Entidade Reguladora terá recebido inúmeras queixas relacionadas com tratamento desigual no acesso aos cuidados.
  • A Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE) também admite ter recebido reclamações dos beneficiários. Ao DN, refere que, "nestas situações, questiona o prestador porque os acordos contemplam clausulado que proíbe qualquer tipo de discriminação no acesso". Ainda assim, adverte, "a administração dos cuidados de saúde é da exclusiva responsabilidade do prestador, que poderá confirmar se existem ou não quotas para estes doentes" do subsistema.

Pensamos que o problema da Eng. Isabel Vaz tem que ver com o facto de o Estado e as entidades consigo relacionadas, serem maus pagadores. Isto é, o prazo médio de pagamento por parte do Estado é como se sabe, de forma generalizada, muito maior do que o que se refere ás empresas privadas. Sendo assim, e dado que a Espirito Santo Saúde parece prosseguir fins lucrativos, é normal que o seu maior responsável esteja atento ao prazo médio de recebimento dos seus clientes.

Os beneficiários da ADSE deveriam reclamar junto da própria entidade, no sentido de esta passar a ser mais célere relativamente aos seus pagamentos.

Post Scriptum: esta frase ("há movimentos no sentido de acabar com a ADSE") é muito estranha, e deveria ser esclarecida pelo Estado.