Por aqui, defendemos os doentes, que são na maior parte das situações, as vítimas de um sistema de saúde que é alvo de muitos interesses: laboratórios farmacêuticos, corporações de médicos e enfermeiros, associações de retalho farmacêutico e outros.
Revemo-nos na frase da Professora Regina Herzlinger: os pacientes estão fartos de serem pacientes!
Mas, há doentes que gostam de ser tratados como pacientes. Vejamos este caso anormal:
- Nos últimos três anos, quase 33 mil doentes recusaram ser operados fora do seu hospital de origem, rejeitando a utilização dos chamados vales-cirurgia em hospitais privados ou do sector social.
- Em causa estão três grandes motivos, um dos quais "o facto de os doentes gostarem dos seus médicos", afirma Pedro Gomes, coordenador do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC). Os doentes com situações menos críticas são os que optam por se manter nas listas de espera.
- Entre 1 de Dezembro de 2004 e 31 de Dezembro de 2007 foram emitidos 157 mil documentos em nome de doentes em lista para cirurgia. Destes, apenas 28% culminaram numa cirurgia e 21% não foram utilizados por iniciativa dos doentes. Esta percentagem ainda elevada de recusas deu origem a um inquérito por parte do SIGIC, que já foi entregue ao Ministério da Saúde.
Perante isto, ficamos siderados. As pessoas preferem ficar em lista de espera, do que serem operadas num outro hospital? Então, é porque a doença não é grave.
Com doentes destes, é fundamental que o SNS os trate como pacientes e os retire das listas de espera!
Parabéns ao SIGIC e ao Dr. Pedro Gomes, pela iniciativa de analisar esta irracionalidade.