Amadora - Sintra: verdades insuspeitas

A decisão do Amadora-Sintra foi, para mim, o caso mais absurdo porque ficámos todos com a ideia (ou melhor, a certeza) de que outra decisão qualquer também tinha servido. Para mim é indiferente se a gestão daquele hospital é pública ou privada desde que o serviço seja razoável e o Estado gaste o menos possível. E a verdade, indesmentível, é que as críticas que se faziam ao Amadora-Sintra (economicismo, gestão draconiana dos médicos e enfermeiros, contabilidade pura de actos médicos, “pouca simpatia” por internamentos muito longos, menos sensibilidade social, etc) estão todas replicadas nos Hospitais EPE, um por um, para pior e sem qualquer excepção.

A verdade é esta. Os governos portugueses nunca chegaram a nenhuma conclusão sobre a melhor forma de gerir hospitais. Têm dúvidas ideológicas, não se entendem sobre nenhum tipo de ‘benchmark’, não conseguem comparar nada e acham que auditar um hospital é mais difícil do que descobrir a fusão a frio (não é, claro). E não são capazes de explicar ao Tribunal de Contas que já não vivemos no século XIX, porque têm medo. Obviamente que esta solução foi a mais fácil: agora que o Estado já importou todas as experiências e práticas da gestão privada, e agora que utentes, médicos e enfermeiros até já se foram habituando à vida dura, adeus… Enfim, não é nada que os privados não façam ao Estado sempre que podem.