Friday, July 20, 2007

Rankings na saúde

Desde jovens, que estamos habituados a rankings. Não devemos exagerar, naturalmente. Mas, ninguém gosta de perder, "nem a feijões". Tudo isto, a propósito da existência de rankings de hospitais.

Vejamos esta notícia: "Queremos avaliar todos os cuidados de saúde, públicos, privados e sociais, sem qualquer distinção”, explica Álvaro Almeida, presidente da ERS. E anuncia: “Os primeiros ratings vão sair já em 2008 e o sistema de avaliação já está a ser implementado"

Normal. Absolutamente normal, desde que as várias entidades envolvidas na avaliação não entrem no jogo de forma histérica!

Vejamos a reacção de um dos stakeholders da saúde: O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares considera o sistema de avaliação por estrelas (como nos hotéis) uma medida que “pode não ter os efeitos práticos desejados”.

E ainda: Manuel Delgado explica que, no sector público, os utentes estão limitados aos serviços da sua área de residência, pelo que não têm grande possibilidade de escolha. “Um ranking de um mercado muito incipiente, em que os cidadãos têm pouca mobilidade e em que os próprios modelos de financiamento do sistema, são pouco sensíveis a esta variabilidade da procura em função da qualidade do serviço. É evidente que o seu impacto é pequeno”, diz este responsável, explicando que “os efeitos práticos, que a existência de um ranking tem, fazem com que a procura se dirija para os serviços de maior qualidade. Esse efeito não se vai notar na medida em que as pessoas estão muito ligadas ao seu hospital de referência”.

Se calhar, Dr. Manuel Delgado, o que está mal, é o facto dos doentes não poderem escolher livremente o seu prestador. Naturalmente, que se o serviço for mau ou medíocre, e o doente não puder escolher alternativas, tudo ou quase tudo ficará na mesma!

Para nós, trata-se de uma questão de mentalidade, é preciso fazer ouvir os principais utilizadores e pagadores do sistema de saúde: os doentes.