Numa altura de profunda descrença da sociedade portuguesa, de um evidente apagamento da chama e de um quase fim à vista da nação, ainda há quem seja bom em Portugal. O Professor Manuel Antunes é um médico, cirurgião e professor universitário de craveira internacional, e não deixa de ser frontal, claro e rigoroso, como os melhores:
- O cirurgião e professor universitário Manuel Antunes defendeu hoje, dia 17, o fim “da promiscuidade” entre os setores público e privado na Saúde, e a redução progressiva do pessoal, em especial de médicos.
- “Nunca será possível resolver o problema da falta de produtividade e da qualidade de atendimento dos hospitais quando cada um dos setores não for individualizado e profissionalizado”, afirmou.
- Manuel Antunes, igualmente diretor de serviço nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), salientou que atualmente três quartos dos médicos estão no setor público e a maioria destes também no privado. “Não é lógico nem aceitável que os mesmos agentes controlem a prestação no setor público e no setor privado num sistema em que a oferta gera a procura e não ao contrário, como no resto do mercado”, referiu.
- Sendo um dos problemas do SNS o seu elevado orçamento, Manuel Antunes defende um aumento do uso de medicamentos genéricos, dos atuais 20 por cento para “pelo menos 50 por cento”, e a “redução progressiva do pessoal”.
- “O Estado não pode continuar a garantir emprego aos profissionais de saúde, especialmente aos médicos”, frisou, lembrando que os custos com pessoal representam metade do orçamento da Saúde.
- O médico defende ainda que os médicos devem estar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em dedicação exclusiva, considerando ainda que “o atual sistema de convenções fere o princípio do mercado, em que a qualidade gera a procura, porque os mesmos agentes controlam simultaneamente a oferta e a procura”.
- “Aos agentes do Estado não deve ser permitido o acesso a convenções ou a qualquer forma de prestação de serviços ao setor público enquanto participantes do setor privado”, acentuou.
- “Atualmente é quase impossível gerir o Serviço Nacional de Saúde numa perspetiva de eficiência – eu tenho muita pena do ministro que por aí vem porque na situação atual vai tornar-se mesmo impossível – além do mais o sistema assenta num quadro legislativo incoerente, ambíguo, cheio de remendos e é extremamente despesista, burocrático, lento e ineficiente”, observou.
- “A questão essencial a que é necessário urgentemente responder é se devemos viabilizar o SNS, ou encontrar alternativas, e neste caso se estamos preparados para isso”, sublinhou.
Não precisa dos nossos elogios, o Professor Manuel Antunes, mas é em alturas destas que se vêem os melhores a emergirem, perante um caudal de mediocridade generalizado.