Há bastante tempo que vamos aqui escrevendo sobre a utilidade do SNS. O SNS faz falta para que Portugal não caia na armadilha da América Latina.
Ainda assim, o SNS é muito questionável, sobretudo pela sua fundação excessivamente pública. Contudo, os governantes, a quem os portugueses delegaram a sua vontade, foram cedendo a um conjunto de corporações ávidas de lucros e de mordomias: a Indústria e os distribuidores farmacêuticos, os poderosos feiticeiros modernos, os múltiplos interesses dos funcionários públicos, os micro-poderes do Ministério da Saúde (os administradores hospitalares, os múltiplos Institutos Públicos e Órgãos de Staff, etc.).
E os contribuintes? E os doentes? Foram progressivamente colocados como "não-prioritários" face aos poderes de clã.
Não somos contra o lucro. Mas, quem deve ter o poder, devem ser os doentes e sobretudo quem paga, que são os contribuintes. O SNS deve servir os doentes e não servir primeiro todos aqueles clãs.
Tanto abusaram, que o SNS já não é tendencialmente gratuito, mas é antes, tendencialmente pago integralmente (como se passou desde sempre com as despesas de saúde oral ou com as próteses oculares).
E agora, querem que os contribuintes paguem cada vez mais impostos e usufruam de um SNS, que tem cada vez mais taxas e comparticipações?