Na Constituição da República diz-se que: Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito.
Os legisladores, quase sempre juristas, que gostam de manobrar com as palavras, já davam a entender que o chamado SNS estava em fase de deixar de ser gratuito, ou sequer universal.
Agora, um dos partidos do chamado "arco do poder" dá a machada final na classe média, que é quem suporta financeiramente o SNS, e quem ainda beneficia do SNS, mas por pouco tempo: Pedro Passos Coelho não desiste da ideia de acabar com a garantia constitucional de que a Educação e a Saúde são tendencialmente gratuitas e suportadas pelo Estado quando, na prática, são cada vez mais os portugueses que, para usufruírem estes serviços, acabam por recorrer a privados.
Mas, então, Dr. Passos Coelho, a classe média deixará de ter o SNS, deverá assim também deixar de contribuir para o mesmo. Aliás, teremos então que recuperar uma ideia do Dr. Bagão Félix, de há alguns anos, de um sistema "opting-out", ou seja, cada cidadão escolhe o sistema que quer pagar e que vem a usufruir.
Fica só um probleminha: quem vai pagar a saúde daqueles que não têm dinheiro, quer por razões de pobreza natural (por exemplo, deficiência física ou mental), ou por razões de opção contemplativa pela vida?