Quem o diz, são estes Senhores. Senhores que vendem notícias, mas nem sequer sabem muitas vezes o que escrevem, mas apenas o que querem vender.
Nós vimos há muito que a política de saúde era insustentável por várias razões: 1) despesismo alicerçado nos vários lobbies que controlam a saúde em quase todo o mundo e também em Portugal; 2) completa falta de rigor de gestão no desgovernado SNS; 3) multi-hierarquias inúteis que contribuem apenas para se auto-sustentarem.
Claro que agora vêm dizer que é a Europa que funciona e que produz serviços de saúde com qualidade é que vai matar o SNS. Treta. Vejamos então o que nos impõe a União Europeia:
- A União Europeia aprovou ontem um documento que permite a um cidadão dos 27 tratar-se em qualquer Estado membro, sendo reembolsado pelo país de origem. Apesar de haver algumas excepções, o documento que aprova a livre circulação de doentes pode colocar em risco a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde e reduzir a qualidade dos cuidados prestados aos doentes portugueses.
- A directiva determina que os doentes que optem pelo tratamento em outros países possam ser acolhidos em unidades privadas, tendo estas de fazer parte da rede europeia que integrará o acordo. A situação desagrada à tutela. O documento prevê ainda a possibilidade de os Estados autorizarem ou recusarem certos actos previamente, como os que exigem internamentos, grande especialização nos cuidados ou que impliquem risco elevado para o doente.
Quem assume a direcção do desgovernado SNS defende-se sem qualquer convicção:
- O secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, encara "este documento com preocupação, porque aplica as regras de mercado à saúde. O Estado assume o acesso aos cuidados de forma equitativa e universal e isto pode distorcer a oferta e a procura", refere.
- "Isto cria obviamente maiores desigualdades em Portugal porque quem tem acesso a fazer esta opção obviamente são as pessoas mais esclarecidas e as que têm um maior poder económico", sublinhou Ana Jorge.
- Para o professor Constantino Sakellarides, "quem vai beneficiar com isto são os países que estão melhor financeiramente e que têm melhor oferta nos cuidados de saúde. E os mais débeis é que vão financiar os mais fortes".
Mas afinal, não ouvíamos dizer há uns anos que o SNS era um dos melhores do mundo? Já não é? O que mudou, então? Diz-se muitas vezes que o serviço de saúde dos EUA é muito caro, ineficiente e não cobre toda a população. O SNS era acessível a todos e estava bem cotado!
A Europa que tem sido o suporte financeiro e económico de Portugal desde 1986, agora é acusada de ameaçar o SNS. Ao que chega a incompetência. A culpa é sempre dos outros. Nós somos sempre muito bons.
Não. A verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.