- Passam vinte minutos das seis da manhã. As ruas ainda estão desertas, o sol tímido de Abril tarda em nascer, mas à porta do Centro de Saúde da Amadora já há quem marque vez. O silêncio característico de quem ficou a dever horas à cama começa aos poucos a ser interrompido, à medida que a fila vai crescendo. Com o despertar das conversas soam também as primeiras críticas.
- A fila que diariamente se forma à porta deste centro de saúde não dá motivos de orgulho à direcção. Pelo contrário. Maria Helena Cargaleiro, directora executiva do ACES Amadora VII, afirma que essa “é uma realidade que não só nos preocupa como nos diminui".
- Apesar dos problemas não serem de agora, utentes queixam-se da saída de médicos nos últimos tempos, uma informação confirmada pelos números oficiais. Nos últimos três meses, o Centro de Saúde da Amadora perdeu um terço dos seus médicos.
- Esta é uma realidade que se estende um pouco por todo o país.
Pois é. Mas, esta situação não tem nada que ver com a saída antecipada de médicos. Esta situação é muito comum em muitas zonas suburbanas das grandes cidades de Portugal. Onde estão as famosas Unidades de Saúde Familiares do Prof. Correia de Campos? Onde está o Dr. Luís Pisco, a debitar "sucesso" nos cuidados primários?
Os tempos de espera são apenas uma das partes degradantes do serviço prestado. Outras poderão ser: as instalações decadentes, ou a praga de Delegados de Informação médica a passarem à frente dos doentes.
Onde está a Dra. Jorge? E o Dr. Pizarro? E o "todo-poderoso" Dr. Óscar?
Coitados dos portugueses.
Post Scriptum: agora até passou a ser interessante o desempenho da função de "magala" (Jovens querem ir para o Exército para fugirem ao desemprego).