Tuesday, September 01, 2009

SNS: a falácia dos números

Embora a natureza dos números seja mais clara do que a leveza das palavras, sabemos que a contabilidade não é uma ciência, mas antes uma arte. Não é invulgar ouvirmos falar de engenharia financeira ou de contabilidade criativa. No SNS, tal como em Wall Street, os números são trabalhados conforme as conveniências de serviço. Contudo, este tipo de criatividade nas contas tem limites, e um dia, rebenta!

Tudo isto a propósito da apresentação das Contas do SNS, relativas ao 1º semestre de 2009. Vejamos a situação resumida do que vem aqui:
  • Total da receita do SNS: 4.217 milhões de euros (+1,3% do que em igual período de 2008).
  • Total da despesa do SNS: 4.176 milhões de euros (+1,7% do que em igual período de 2008).
  • Saldo do SNS: 40,5 milhões de euros (-27% do que em igual período de 2008).

É este resultado espantoso? Não. O que nos espanta é a forma "crua" como os contabilistas do Ministério da Saúde transmitem este tipo de variações: 1) as despesas com pessoal decresceram em 2009, 23% face a 2008; 2) os subcontratos cresceram em 2009, 9,2% face a 2008.

Não é de estranhar que as despesas com pessoal tenham decréscimos de dois dígitos? Pois, tira-se daqui, para pôr acolá! O que se pretende com estes jogos? Manipulação, ou se quisermos, mera criatividade financeira! Pois.

Mas, se quisermos analisar as contas das ARS's ou dos Hospitais SPA, encontramos, mais e múltiplos artifícios. Assim não vamos lá, a tentar mascarar coisas. É que, quando ouvimos o Senhor Primeiro Ministro ou a Senhora Ministra da Saúde a falar em grandes investimentos públicos na saúde, e depois verificamos que a rubrica de Imobilizações constantes nas Contas do SNS, para o 1º semestre de 2009, foi de 23,2 milhões de euros investidos, achamos que há algo de inconsistente. Isto, nem para uma ala de um velho Hospital chega!

São rosas, meu Senhor, dizia a Rainha Santa!