Os doentes objecto de uma cirurgia simples às vistas e que ficaram sem ver, continuam a ser alvo de tentativas de branqueamento de responsabilidade por parte das entidades estatais. Pior, tentam estas mesmas entidades, cobrir de responsabilidade os próprios doentes e familiares, vítimas de eventual incompetência/negligência por parte do hospital-referência do Estado, que é o Hospital de Santa Maria.
Em vez de se apurarem as responsabilidades e os responsáveis, não, opta-se por manobras de evasão da responsabilidade: A comissão de acompanhamento .....Diz que a solução que vier a recomendar terá de ser "equitativa" e "não deverá ser, em caso algum, propiciadora ou potenciadora de estratégias de litigiosidade susceptíveis de gerar comportamentos defensivos por parte dos profissionais de saúde".
Como? Apurar responsáveis é agora elemento gerador da chamada "medicina defensiva"? Estas pessoas não sabem o que fazem ou o que dizem, pois os cidadãos cada vez recorrem mais à Justiça (mesmo que esta seja lenta e ineficiente), como forma de tentarem ressarcir-se de comportamentos irresponsáveis de várias entidades da saúde, públicas ou privadas.
E a justificação que dão é risível: É que tais comportamentos poderiam, em última análise, "vir a ter efeitos perniciosos nos tratamentos que irão ser futuramente prestados a esses doentes". Eurico Reis, o juiz desembargador que preside à comissão, explicou ao PÚBLICO que o que se pretende é que a indemnização seja proporcional, de forma a evitar que os profissionais "fiquem mais preocupados em defenderem-se do que em tratar o doente".
Não o desejamos, mas haveria de ser curioso, se alguém relacionado com o referido juiz desembargador fosse vítima de negligência ou incúria num qualquer estabelecimento de saúde!