Thursday, July 23, 2009

Avastin: caso de Tribunal?

Antes de mais, queremos clarificar que: 1) errar é humano; 2) o tratamento de seres humanos não é uma ciência exacta.

Contudo, achamos que anda muita gente pelos circuitos da saúde que, ou é irresponsável, ou é incompetente.

Vejamos estes relatos:

1. A administração do Hospital de Santa Maria anunciou que, em Fevereiro, foi informada de complicações relacionadas com o Avastin, mas não indiciaram gravidade suficiente para suspender a sua utilização.
2. "Morreriam muitas pessoas, se estas não recebessem medicamentos em off-label", acrescentou António Faria Vaz. Segundo o especialista, "uma utilização não aprovada, não quer dizer que não existam provas da sua eficácia e segurança".
3. Florindo Esperancinha alerta ainda as "injecções no olho não estão aprovadas para tratar o doente, mas são usadas diariamente em todos os hospitais do país e do mundo". O Infarmed e o Ministério da Saúde "têm de dizer aos médicos se estes continuam a usar o conceito, não só para esta substância, mas para todas as outras". O especialista afirmou que só esta quinta-feira teve acesso à carta da Roche, apesar de ter tido conhecimento da sua existência em Março/Abril através de colegas.
4. A Agência Europeia do Medicamento considera que o Hospital de Santa Maria actuou em desacordo com as recomendações relativas ao medicamento Avastin.
5. O Bastonário da Ordem dos Médicos desdramatiza a carta da Roche que alerta para a não utilização do medicamento Avastin para fins oftalmológicos.
6. O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) deixou de usar em Outubro 2007 o medicamento que terá agora causado cegueira a seis doentes, tendo-o substituído por um outro, «o único medicamento similar aprovado pelo Infarmed para uso oftalmológico».
7. O Avastin, que causou perda de visão a seis portugueses, já fora associado em 2008 a 361 reacções adversas em tratamentos oftalmológicos no Canadá. Os laboratórios responsáveis pelo Avastin alertaram a comunidade médica mundial para estas complicações, frisando que o medicamento não tem autorização oficial para uso oftalmológico.

No mínimo, a Administração do Hospital de Santa Maria deveria apresentar a sua demissão à Senhora Ministra da Saúde, apenas e só por uma razão, a responsabilidade de actos de má gestão têm que ter consequências.