Monday, May 18, 2009

O negócio dos medicamentos, para além dos limites éticos

Somos favoráveis ao livre mercado. Somos adeptos da livre concorrência. Não apreciamos o "vale tudo" ou se quiserem, o livre arbítrio.

Isto é mais do que uma actividade comercial: Tudo se passou na quinta-feira, no Hotel Porto Palácio. Estava prevista a participação de 54 médicos, compareceram 50 de três especialidades: Cardiologia, Medicina Interna e Clínica-Geral. Cada um recebeu 450 euros por uma tarefa muito específica: avaliar, numa simulação de visita médica, os delegados de informação médica da multinacional farmacêutica Sanofi-Aventis.

Como? Agora os médicos são pagos para avaliar as capacidades de aptidão comercial dos Delegados de Informação Médica? Recebem 450 euros por acção de consultadoria de marketing?

Sem ter ligação, perguntamos, porque é que não se legaliza a prostituição ou o consumo de droga? Será que já não há limites éticos na comercialização de produtos, em particular de saúde?

Este tipo de actividade, deixa-nos perplexos e até revoltados:
  • a Sanofi-Aventis, a segunda companhia farmacêutica que mais factura em Portugal, «comprou» visitas médicas. Não foram os delegados de informação médica a visitar os médicos, mas o contrário.
  • No fim, a tarefa do médico foi avaliar se esse vendedor conseguiu comprometê-lo a receitar esses remédios. A empresa declara que só contratou os médicos porque está preocupada com a formação científica dos seus profissionais.

Isto é imoral. Isto é tudo, menos uma actividade comercial ética. O que estão a fazer as várias entidades do Estado que deveriam atender a estas más práticas, tais como sejam: Infarmed? Autoridade da Concorrência?

Post Scriptum: Seria curioso saber, de que forma os Senhores Doutores facturaram tais serviços: "consultadoria médica"? "consultadoria de marketing"?