Os hospitais estão a escrever aos fornecedores (incluindo os laboratórios farmacêuticos e empresas de dispositivos médicos) a pedir que façam descontos nas facturas em atraso, porque "a disponibilidade financeira não permite o pagamento total da dívida".
Como? Não deve ser verdade! Mas, aparece aqui escrito. Então, o Estado não anda a suportar empresas deficitárias com financiamentos extraordinários para evitar a sua falência? Será que os Hospitais do SNS não serão do mesmo Estado que salva vários bancos da falência?
Bem, mas a história já tem histórias:
- O Governo anunciou há um mês que iria activar o Fundo de pagamentos para que as unidades de Saúde saldem as dívidas vencidas, que ascendem a 908 milhões de euros, e reduzam os prazos de pagamento.
- O Ministério das Finanças anunciou já ter transferido para os hospitais 767 milhões.
- Mas, ao que o CM apurou, vários conselhos de administração enviaram cartas aos fornecedores a pedir que lhes seja "concedido um desconto", num valor a propor pelas próprias empresas. Os hospitais dizem, ainda, que a disponibilidade para baixar os preços "será tida em consideração na definição dos pagamentos a efectuar", mediante o plano que estão a elaborar.
Sinceramente, isto parece-nos um procedimento semelhante ao utilizado pela "família Soprano". Será que o Estado que financia bancos insolventes, adopta procedimentos duvidosos junto de organizações suas fornecedoras?
A credibilidade só se ganha, se nós próprios formos credíveis. De outra maneira, impera o salve-se quem puder!