Como seres humanos, somos avessos à mudança e sempre ouvimos que "o hábito faz o monge". Ou seja, num mundo em mudança, esta é quase sempre tolerada ou aplicada à força. Nós não somos contra a mudança, antes pelo contrário, temos é que saber geri-la bem, sob pena de ser "pior a emenda do que o soneto".
Há já muitos anos, era Ministra da Saúde, a Dra. Leonor Beleza, e nós ouvimos falar no fim do Hospital Júlio de Matos e da transformação daquilo que agora se chama de "Parque da Saúde", num mega complexo habitacional, que até poderia passar por um "condomínio fechado". Aquela Ministra da Saúde exerceu funções nos idos da década de oitenta.
Vinte anos depois, lemos coisas que nos preocupam, pois as tentativas da Dra. Beleza não foram bem sucedidas e o Hospital Júlio de Matos, ainda lá está. Não sabemos se está bem ou mal. Deixamos este aspecto, para quem percebe da "poda", e no caso vertente, estamos sobretudo a falar de especialistas em psiquiatria.
Vejamos esta tentativa de mudança de paradigma da saúde psiquiátrica, que se arrisca a deixar muita gente "à beira de um ataque de nervos":
- A fusão dos hospitais Miguel Bombarda e Júlio de Matos lançou o caos nos serviços psiquiátricos e, segundo vários médicos, a situação culminou na demissão da directora clínica do Júlio de Matos.
- Os hospitais Miguel Bombarda e Júlio de Matos têm neste momento cerca de 500 doentes internados.
- Depois a "tentativa de encerramento dos dois hospitais e a diminuição do pessoal não tem sido benéfica para os doentes", alerta Pilar Vicente, clínica do Miguel Bombarda.
- "Aquela ideia moderna de integrar os doentes psiquiátricos no meio familiar é muito bonita quando as famílias têm condições para os acolher e os podem acompanhar", aponta Pilar Vicente.
- Ana Barreiros, psicóloga no Miguel Bombarda, alerta ainda para o facto de "começarem a existir listas de espera para acompanhamento psicológico". "Antes só existiam nos hospitais centrais, que encaminhavam os doentes para nós, agora até aqui temos listas".
- Do lado da administração, o presidente do Conselho de Administração e director do centro hospitalar psiquiátrico de Lisboa, que engloba os dois hospitais, Ricardo França Jardim garantiu à Lusa que "se houver necessidade, pagamos horas extraordinárias ou faremos contratação externa".
- Ricardo França Jardim informou ainda que a directora clínica apresentou a demissão no passado dia 15 de Maio, "alegando problemas de doença pessoal". Mas, várias fontes do hospital confessaram à Lusa que esta se terá demitido devido ao caos em que se encontram estes hospitais.
Será que trabalhar num hospital do foro psiquiátrico, leva as pessoas a ficarem "á beira de um ataque de nervos"?
Post Scriptum: apesar de gostarmos do sarcasmo e da ironia, não gostamos de brincar com coisas sérias.