A questão dos recursos humanos assume uma importância crescente, ainda que para nós sempre tenha sido uma questão central na saúde. Há muitos anos que se vai referindo que "há falta de médicos em Portugal". No entanto, pouco se fez para inverter essa escassez (apenas se abriram nos últimos anos as Faculdades de Medicina em Braga e na Covilhã, nas quais estão inscritos algumas dezenas de alunos).
Mas, como quase tudo em Portugal, os problemas e a inércia convivem durante muito tempo, até que se acorda finalmente para os problemas. Vejamos o panorama que aqui nos é relatado:
- Entre 2006 e meados de 2007 , o Sindicato Independente dos Médicos estimava que, entre pedidos de licença sem vencimento (que podem durar até dez anos) e desvinculações da função pública, tenham sido cerca de 400 os médicos a abandonarem o SNS.
- Haverá ainda a contabilizar a aposentação, em alguns casos antecipada, de 400 clínicos, só em 2006, sendo que destes uma parte desconhecida terá ido trabalhar para o sector privado.
Mas, quando as coisas estão mesmo mal, há sempre alguém que dispara em todas as direcções:
- " a introdução do relógio de ponto que, só por si, foi responsável pela debandada de uma dezenas largas , mesmo centenas de médicos", afiançou (o Bastonário da Ordem dos Médicos).
- a única maneira de travar o êxodo dos clínicos para o sector privado é através de "uma justa política de incentivos, que ainda não está suficientemente generalizada no universo hospitalar".
Pois é, quando "todos ralham, ninguém tem razão"!
Para nós, não há serviços de saúde sem médicos. Mas, também não há serviços de saúde sem enfermeiros, ou sem técnicos. Definitivamente, não haverá serviços de saúde, sem financiadores. O equilíbrio é difícil, mas é possível, e não será encontrado, sem se assumir uma abordagem dura e rigorosa de enfrentar os imensos "grupos de interesse" que pululam no sector da saúde.
Post Scriptum: a propósito, não compreendemos como é que o Estado tem falta de médicos e atribui licenças sem vencimento! Estranha forma de gerir recursos humanos.