Sunday, January 20, 2008

Serviços de urgência de Terceiro Mundo?

O nosso lado da fronteira é muito claro: defendemos os doentes da saúde e os contribuintes do SNS (ou seja, os que pagam impostos). E defendemos estes dois grupos pelas seguintes razões:
  1. Há demasiada gente a ganhar com a saúde (laboratórios farmaceuticos, médicos, grupos privados de saúde, Altos funcionários públicos, farmácias, enfermeiros, etc.).
  2. Os doentes e os contribuintes são normalmente uma parte passiva do "grande jogo", quer porque estão fragilizados pela doença, quer porque não sabem que estão a engordar grandes interesses!

Contudo, não metemos todos os participantes no "grande jogo", dentro do mesmo saco. Há muita gente boa a actuar na saúde, desde médicos a enfermeiros, que aguentam muitas vezes, situações anómalas e dolorosas no dia-a-dia de um sector em declínio evidente!

Vejamos duas reflexões recentemente trazidas por dois participantes no "grande jogo":

Primeiro, o Bastonário da Ordem dos Médicos, recentemente eleito, Dr. Pedro Nunes:

  • Há determinados serviços de urgência em Portugal que nós teríamos todo o interesse em não os exibir, não podiam existir no Terceiro Mundo, nem num País do terceiro mundo, e muito menos andar a pedir avaliações a universidades estrangeiras. Não é preciso nenhum professor catedrático de nenhuma universidade estrangeira para entrar nos corredores do hospital de Faro e saber que aquilo não é possível acontecer num País mesmo do terceiro mundo.

Segundo, o Deputado Manuel Alegre:

  • O ex-candidato presidencial independente e deputado socialista, Manuel Alegre, teceu este sábado críticas demolidoras à reforma dos serviços de saúde, considerando que se trata de um «erro colossal» e de uma política «estapafúrdia» do actual Governo.

Estas reflexões, vêm de diferente lados da barricada do "grande jogo", mas coincidem numa avaliação fraca à actual política do Ministério da Saúde. Para nós, há muito tempo que percebemos que a racionalidade do SNS não se pode fazer à custa dos mais fracos e pobres, sob pena de poder aparecer um qualquer fantasma, como aliás Manuel Alegre o tipifica: «Se aparece uma Maria da Fonte, de saias ou de calças, arranja uma fronda popular, e isso pode pôr em causa um certo consenso nacional sobre a própria democracia».

Post Scriptum: não somos contra o lucro. Antes pelo contrário, somos favoráveis ao mérito de quem é mais competente e eficiente.