Sunday, October 14, 2007

O milagre das rosas - versão 2008

Nada nos surpreende, quanto á forma como se trabalham números. Há quem pense que os números, por serem demasiados claros e objectivos, só podem transmitir verdade! Nada de mais enganador. Com os números, só é preciso saber trabalhá-los, à nossa medida e como queremos. Acredite-se ou não, mas a ciência dos números é uma arte!

Olhemos para esta notícia, que nos dá uma ideia global sobre o Orçamento de Estado 2008:
  • A despesa total estimada do Ministério da Saúde para 2008 é superior em 0,9% à prevista para este ano, mas ainda assim fica abaixo da inflação.
  • A despesa prevista para 2008 é de 8.645,6 milhões de euros, quando a estimativa para 2007 era de 8.564,4 milhões de euros.
  • Para o Serviço Nacional de Saúde, o Orçamento de Estado para o próximo ano consagra 7.937,2 milhões de euros, dos quais 7.900 milhões de euros se destinam a despesas de funcionamento, nomeadamente dos estabelecimentos de saúde do sector público administrativo (4.653,1 milhões de euros) e dos hospitais com estatuto de Entidade Pública Empresarial (3.077,2 milhões de euros).

Alguém acredita que se consiga fazer crescer o orçamento de 2007, para 2008, em menos de 1%? Só quem acredita em mistificações! A despesa com a saúde cresce em qualquer parte do mundo, cerca de dois dígitos percentuais. Em Portugal, cresce menos de 1%!

Será a magia do Professor Correia de Campos?

Numa outra notícia, vemos uma tendência que mostra o futuro da saúde em Portugal:

  • As PPP na área da Saúde vão absorver 80,7 milhões de euros em 2008, e 224,4 milhões de euros em 2009.
  • O valor orçamentado para 2008 engloba as PPP já em operação (o centro de atendimento do SNS e o Centro de Medicina Física e de reabilitação do Sul), os projectos em concurso (como o hospital de Loures e os novos hospitais de Cascais, Braga e Vila Franca de Xira).

Porquê que não se assume, de uma vez por todas, que está em curso a substituição do SNS, tal como está constitucionalmente consignado?

Post Scriptum: Repare-se que o Orçamento de Estado de 2008, apenas prevê investir 37,2 milhões de euros, no sector da saúde, e gastar 7.900 milhões de euros em despesas de funcionamento!