Friday, July 27, 2007

A gestão a chegar à saúde

O Hospital Infante D. Pedro, ou Hospital de Aveiro, foi o primeiro hospital a publicar o seu Relatório e Contas de 2006, na internet. Saúde-se, por ser o primeiro, mas veja-se a diferença face ás empresas cotadas em bolsa, que já estão a publicar os resultados do segundo trimestre de 2007, quando o primeiro hospital-EPE, apenas agora, publica os seus resultados de 2006.


Este facto, não é dispiciendo, já que em gestão, não se podem tomar decisões sobre informação demasiado velha. E, hoje, em gestão, informação com mais de 6 meses, já está ultrapassada.


Mas, vamos dar só uma pequena idéia sobre alguns dos resultados apresentados:

  • No Indíce, faz-se alusão ao "Relatório e Parecer do Fiscal Único", vamos à página 105, do Relatório e Contas, e não existe esse parecer. Ou seja, como é que se publicam contas de uma empresa, sem o necessário Relatório do Revisor Oficial de Contas (ROC)? Será que o ROC não concorda com o que está escrito no Relatório e Contas de 2006?

  • Na página 20 do Relatório, verificamos que o Hospital teve um aumento de funcionários, de 1.077, em 2004, para 1.107, em 2005, e para 1.166 em 2006. Significativo. Vejamos o nível de resultados que este aumento deverá ter tido.
  • Na página seguinte, verificamos que a rubrica "Ordenados e Salários/ Efectivos globais", aumentou de 16.283, em 2004, para 16.766, em 2005, e para 17.610, em 2006. Um aumento dos ordenados de 8%, de 2004, para 2006. Significativo aumento.
  • Quanto a resultados, comecemos pela "taxa de ocupação" do internamento, que passou de 74,40% em 2005, para 70,90% em 2006. Mau.
  • A taxa de crescimento de consultas externas foi de 0,82% de 2005 para 2006. Fraco.
  • O número de urgências aumentou 3,71% de 2005, para 2006. Razoável.
  • O Orçamento - Programa foi cumprido, no que toca a internamentos. Ok.
  • As cirurgias realizadas no "Bloco operatório" foram em 2006, 2,7% inferiores, em relação a 2005. Em 2005 tinham sido 4,95% inferiores a 2004. Muito mau.
  • O Orçamento - Programa ficou muito aquém, no que toca à produção cirúrgica (pág. 39), quase 20% abaixo do orçamentado. Péssimo.
  • O Hospital de Dia teve um nível de produção em 2006 de metade do que teve em 2005. Péssimo. Contudo ficou cerca de 42% acima do orçamentado!
  • O custo com pessoal (pág. 60) foi 9,05% em 2006, acima de 2005. Sem comentários!
  • Registamos na pág. 68, que os custos com Enfermagem aumentaram 109,5% e os custos com Pessoal Médico acresceram 35,31%!!!
  • Apesar do Relatório referir que houve vários investimentos realizados em 2006, verificamos que o Activo Líquido do Hospital passou de quase 50 milhões de euros em 2005, para 41,5 milhões de euros em 2006. Terá mesmo havido investimento?
  • Resultados Líquidos (Negativos, leia-se prejuízos) em 2006 de 13 milhões de euros, quando em 2005 foram de 6,5 milhões de euros (também negativos)! Coitados dos Accionistas, que são todos os portugueses!
  • As Dívidas a Terceiros cresceram de 10,6 milhões de euros, em 2005, para 13,8 milhões de euros em 2006!

Resumindo, se nós fossemos o Accionista, que tivéssemos este tipo de Relatório de Actividades, com esta evolução, restavam-nos duas opções:

  1. Chamaríamos a Administração para apresentar um Plano a 3 anos, para recuperação drástica da situação catastrófica em vista.
  2. Demitiríamos, sem qualquer apelo, a Administração. E com justa causa!