Saturday, January 06, 2007

Verdades na saúde

Retiramos algumas idéias que o Ministro da Saúde aqui deixou:
  • Os hospitais centrais e nos grandes aglomerados têm claramente médicos a mais, por padrões nacionais e internacionais. Há serviços de cirurgia com 30 camas e 30 cirurgiões. Bastavam dez. Já viu o que é ser operado por um médico que só faz uma cirurgia por mês? É um sistema que não nos serve. O número de oftalmologistas concentrado em alguns hospitais de Lisboa é exorbitante e inaceitável face a locais onde escasseiam.
  • O controlo de assiduidade é uma obrigação cívica. Não percebo como é que um organismo respeitado e responsável como a Ordem dos Médicos vem dizer que não deve haver controlo de assiduidade. Ou como é que um sindicato protesta. É a forma mais justa de se organizar o trabalho interno dos médicos e os recursos que o Estado entrega aos hospitais. Há médicos cumpridores, mas há também os que vão à boleia. É uma situação injusta e ineficiente que tem de ser corrigida. O contribuinte português não me autorizaria nunca a ceder nesta matéria.
  • O país gasta em horas extraordinárias 300 milhões de euros... Os médicos são mal pagos no seu salário-base, mas com as horas extraordinárias até são bem pagos, e muito bem, até regiamente, no caso dos que não cumprem o horário... Não são muitos, felizmente.

Comentários breves:

1. Estranhamos que o Professor Correia de Campos, que assumiu responsabilidades ministeriais por duas vezes, e tem tido outras responsabilidades no sector da saúde em Portugal, só agora venha admitir tamanhas disfunções de gestão, no seu Ministério. É caso para dizer, o que andam a fazer os inúmeros Responsáveis do Ministério da Saúde, ARS's e Administrações dos Hospitais, desde há muitos anos?

2. Gostávamos que o Ministro assumisse responsabilidades futuras específicas e calendarizadas, para corrigir as disfunções no sector da saúde. Infelizmente, não o fez!

Finalmente, ainda na mesma entrevista, o Senhor Ministro afirma uma inverdade, quando diz isto: O ano que passou demonstrou que conseguimos conter a facturação e pagamos a tempo e hora. O Tribunal de Contas ainda recentemente verificou que o Ministério da Saúde tem prazos de pagamento aos seus fornecedores enormes....