Todos conhecemos de há muitos anos, situações que vinham nos media, como estas: "há 1.000 médicos a mais, no Hospital de Santa Maria"; "há falta de médicos"; "há uma lista de espera de doentes sem médico de família"; "há falta de médicos nos Centros de Saúde"; etc.
Perante este tipo de "conclusão", quem gere a autorização de licenciaturas, em número e em tipo, não só não autorizou maior número de licenciados em medicina, como também não teve coragem para uma maior racionalização dos recursos. Chegamos ao cúmulo de não existirem estatísticas sérias, sobre o número de médicos a trabalhar em Portugal (e é preciso não esquecer, que existem muitos licenciados em medicina, que não exercem a actividade, ou porque estão em cargos de gestão, ou porque estão em actividades de docência, ou porque estão na política).
A solução do Estado português foi esta: importam-se médicos! Não que a solução não seja aceitável, mas quando se está num mercado global, a solução de importação de recursos não pode ser encarada como eterna!
Tudo isto a propósito disto: A "fuga" registada nos últimos anos de médicos espanhóis para Portugal está a provocar um défice de clínicos na Galiza. Mas o governo regional, liderado por Emílio Pérez Touriño, quer agora reverter a balança comercial, tentando que estes profissionais voltem a Espanha.
Perante este horizonte normal, de eventual regresso de alguns médicos ao seu país de origem, o Bastonário da Ordem, responde desta forma: Face à ofensiva que pode estar na calha, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, não tem dúvidas em classificar a situação como "preocupante". É que, se as condições melhorarem para os médicos espanhóis, também os portugueses que trabalham em zonas transfronteiriças podem ficar "seduzidos" pelo país vizinho.
Não vemos qual a preocupação face a uma eventual saída de médicos, quer sejam espanhóis ou portugueses. Portugal tem muitos jovens licenciados desempregados, e que provavelmente, não arranjarão emprego nem no estrangeiro. Portugal tem é que aumentar o número de licenciados em medicina, quer para consumo interno, quer para exportação.
Aliás, o governo regional galego vai precisamente tentar essa solução: o chefe do governo regional deverá abordar na próxima semana com a ministra da Saúde espanhola, Elena Salgado, a quem vai pedir a revisão ao limite à entrada de alunos (numerus clausus) nos cursos de Medicina.
A globalização ainda não é entendida, por cá!