Vivemos num mundo diversificado. Há quem ganhe muito na vida. Há quem passe a vida sem ganhar muito. Contudo, existem sempre aqueles que pensam que são predestinados, como estes: De negócio rico, as farmácias passaram, em poucos anos (menos de uma década), a negócio remediado. Se há alguns anos se falava em trespasses milionários, da ordem dos quatro a cinco milhões de euros, agora há farmácias à venda que ficam sem comprador e a situação financeira de muitas está, garante a ANF, periclitante.
E então? As mercearias de bairro e muitos restaurantes foram durante décadas, bons negócios e deram suporte a negócios familiares relevantes, como é o caso da Jerónimo Martins (ter-se-á iniciado como mercearia). Hoje, as mercearias não representam sequer 25% do número das que existiam há 30 anos. Ninguém quer ser merceeiro, no século XXI.
Se formos falar do consultório médico, a situação é a mesma. Há 30 anos, era vulgar encontrarem-se consultórios médicos, onde vários médicos fizeram fortuna. Hoje, ter um consultório médico aberto é quase sinónimo de "moscas"! As clínicas e os "centros comerciais de saúde" absorvem tudo.
O que é caricato na choraminguice dos farmacêuticos é isto: A Farmácia Teixeira, na Baixa da Banheira, Moita, era um bom negócio. Tão bom que, há alguns anos, chegaram a oferecer-lhe três milhões de euros pelo alvará. Agora, Manuela acabou por fazer a transacção por 850 mil euros. “Não foi mal vendida”, admite, satisfeita porque a Teixeira passou para as mãos de uma jovem farmacêutica.
Esta Dra. Teixeira ainda não percebeu que está a gozar com a generalidade da actividade comercial portuguesa. Pois considerar que vender um alvará de farmácia por 850 mil euros é coisa pouca, pode até ser aviltante.
Num momento de falência da nação, associada à falência de muitas empresas e famílias, esta gentalha das farmácias parece gozar com o destino alheio, sobretudo quando beneficiam de um monopólio que lhes é atribuído por Lei, a venda de medicamentos com prescrição.