Quem gere um negócio, tem que saber gerir os altos e os baixos do mesmo. Não há muito tempo, transaccionavam-se farmácias de oficina a 5, 6 ou mais vezes, o valor da sua facturação. Para que não fiquem dúvidas, transaccionavam-se farmácias por 5 ou 6 milhões de euros, que não chegavam a facturar 1 milhão por ano. E quem comprava, achava que tinha feito um grande negócio.
Como o Estado português foi forçado a gerir melhor o interesse público, por imposição dos seus credores internacionais, passou a saber gerir melhor a sua relação com o retalho farmacêutico. Claro, os donos de farmácia que ganharam milhões durante mais de uma década, agora não sabem o que fizeram ao dinheiro ganho. Perante este cenário expectável, agora só falta pediram um bailout ao amigo Estado: Mais de 1100 farmácias têm actualmente os fornecimentos suspensos e a situação
económica é de tal forma insustentável que não permite cobrir os custos fixos na
maioria destes estabelecimentos.
De facto, quem não sabe ser merceeiro, deve fechar a loja. Quando os lucros eram grandes, e foram-no durante mais de uma década, ninguém se queixava. Aliás, parece que fecharam nos últimos 2 anos, centenas de restaurantes, de fábricas, ou até milhares de empresas de serviços, mas há sempre quem se queixe, mas tenha dinheiro suficiente para pagar consultoria muito bem paga, para pedir ajuda: As
farmácias "defrontam uma situação económica em que a atividade normal não
permite cobrir os custos fixos numa maioria de farmácias", conclui um estudo da
Nova School of Business & Economics, coordenado pelo economista e
especialista em Saúde Pedro Pita Barros, que está a ser apresentado hoje na
Associação Nacional das Farmácias.
Será que ainda vamos assistir a uma ajuda especial, vulgo bailout, ao sector farmacêutico com o beneplácito da Tróika, e à semelhança da banca? Em Portugal, tudo é possível.