Durante décadas, o negócio farmacêutico viveu de um proteccionismo, muito para além do condicionamento industrial dos tempos de Salazar. Abertura de novas farmácias limitada. Posse de farmácia limitada a farmacêuticos. Margens de lucro fixadas por Lei. Acordo vantajoso conseguido com o seu principal cliente, o SNS.
Só um cego, conseguiria que uma farmácia não desse lucro. Tudo isto, perante a perda de força dos contribuintes e dos doentes. Tudo isto, com o beneplácito da poderosa Indústria farmacêutica.
Como muitos sonhos acabam em pesadelos, os donos de farmácia descobriram finalmente o que é ter riscos com a posse de um negócio:
- As sucessivas mexidas nos preços dos medicamentos e a redução das margens de lucro das farmácias estão a levar o setor à asfixia.
- A Associação Nacional de Farmácias (ANF) apresenta hoje um estudo, encomendado à Universidade de Aveiro e a uma empresa de contabilidade, que traça um cenário negro do setor.
- há 844 farmácias com fornecimentos suspensos por dívidas aos fornecedores.
A solução que a ANF apresentará como mais provável para a melhoria do sector, deverá passar inapelavelmente por algumas ajudas do sempre vilipendiado, mas amigo, Estado! Já se devem ter esquecido dos rios de dinheiro que ganharam com o condicionamento concorrencial providenciado pelo Estado, por décadas. É tempo de os colocarem em cima da mesa, para fazerem a necessária reengenharia do negócio, pois o Estado português faliu por décadas.