Durante décadas, possuir uma farmácia significava: sucesso, status, riqueza aparente, ou riqueza real. Claro que este maná, fundamentava-se em: contingentação do mercado, isto é, as farmácias beneficiavam de uma protecção legal, que evitava a abertura do número de farmácias necessárias ao mercado. Depois, os lucros estavam garantidos por Lei. E ainda, a corporação das farmácias, geria bem a sua relação com o seu principal pagador, o Estado.
Entretanto, com a bancarrota do Estado português, os credores do Estado impuseram um corte drástico na comparticipação no pagamento dos medicamentos. Os principais consumidores de medicamentos, os idosos, vivem de reformas baixas ou muito baixas.
1. Distribuição precipitada de dividendos, stocks descontrolados, caixa e crédito das farmácias usados para pagar divórcios, casas, carros e férias sem ter em conta necessidades futuras como pagamento a distribuidores ou modernização. São muitas as razões encontradas pelos vendedores para a falência de farmácias e excesso de oferta no mercado de venda e trespasse.
2. Apesar da desvalorização, nenhum admite que o negócio tenha deixado de ser rentável, passou apenas a ter de ser mais bem gerido: uma farmácia com uma facturação anual de um milhão era vendida por três. Hoje está no mercado a 1,2 milhões.
3. “Antes as margens davam para tudo, para os empregados roubarem, para férias, para casas. Hoje é preciso uma melhor gestão”, diz ao i o representante que tem as 87 farmácias. Assumir o passivo significa ter o dinheiro disponível. E os intermediários cobram ainda a sua margem: “São situações em que se pode negociar com os bancos, mas em grande parte as dívidas a fornecedores, que também estão com a corda na garganta, são para pagar logo”.
Na India, as vacas sagradas morrem de velhas. Em Portugal, parece que já não há vacas gordas. Em Portugal, os empresários sem concorrência, já não têm dinheiro para pagar a sua incapacidade de gestão!