Num país em que os valores descem todos os dias, na bolsa de valores mobiliários e na bolsa dos princípios e da ética, nada admira, mas isto revela que o circo pegou fogo:
- A Ordem dos Médicos (OM) foi contactada pela direcção nacional da PSP para averiguar o procedimento de um médico que, no dia 14, terá sido responsável pela declaração de baixa médica a 24 elementos da Esquadra das Mercês, em Lisboa.
- Estes polícias, num total de 34, declararam-se afectados psicologicamente depois de um tribunal ter condenado dois dos seus colegas a penas de prisão efectivas por terem agredido um turista alemão.
Mas, o que é isto? De onde se espera: esforço, sacrifício, empenho e dedicação pela pátria, seja lá o que isso for, as pessoas têm atitudes corporativas mesquinhas! Até a Polícia?! Iremos assistir a baixas médicas dos deputados ou do presidente da república?! Sempre autorizadas por um médico qualquer...
Depois, temos que levar com outros poderes corporativos mesquinhos em cima, com um conjunto de burocracia kafkiana, a que o cidadão comum tem que fazer face:
- Na Ordem, a investigação de casos como o dos polícias da Esquadra das Mercês é primeiro submetida à apreciação de um conselho disciplinar regional (Sul, Centro e Norte). Depois deste conselho se pronunciar, existe sempre a hipótese de recurso. Para isso existe, também dividido nas três regiões, o Conselho Nacional Disciplinar. Seja qual for a decisão deste último órgão, as partes envolvidas no processo ficam sempre com a possibilidade de levarem os casos para os tribunais civis. Existe igualmente a possibilidade de o Ministério Público, por sua iniciativa, determinar uma investigação para abertura de um eventual processo-crime.
Portugal acabou. O que existe, está em estado comatoso.