Há uns meses, ouvíamos o Primeiro-Ministro a falar na "crise dos outros", quando já existiam sinais evidentes de degradação das condições económicas. Depois, o tsunami começou, pouco a pouco, a inundar tudo. E agora, já se lê isto, sem grande espanto: Mais de 200 mil doentes portugueses abdicam de comprar medicamentos devido à falta de dinheiro. São doentes geralmente idosos e a quem o Estado não consegue garantir a cobertura plena das necessidades em termos de medicação.
Será que os medicamentos passaram a ser superfluos? Será que os portugueses deixaram de ser hipocondríacos? Será que estes são ainda, e só, os primeiros sinais de uma pequena inundação?
A economia tem ciclos. Uns, de crescimento. Outros, de contração. Naturalmente, que a presente contração é mais profunda, pois assenta numa colossal falta de valores da sociedade moderna, que não reconhece o mérito, que opta pelo nepotismo e pelo "amiguismo". Enquanto a sociedade mantiver estes paradigmas, a recessão transformar-se-á em depressão. E aí, a redução de despesas não se restringirá aos medicamentos. Com toda a certeza.