Vimos alertando para a falta de avaliação da qualidade dos serviços de saúde. Contudo, a situação já foi pior. Os doentes e os meios de comunicação social vão pressionando para que os serviços sejam mais e melhor auditados. Por tudo isto, não nos surpreende que isto se passe:
- Especialistas em oncologia, reunidos na Assembleia-Geral da Sociedade portuguesa de Oncologistas, divulgam Carta de Princípios em que alertam para o “desperdício e a ineficiência” na utilização de recursos na luta contra o cancro em Portugal.
Gastamos globalmente cerca de 10% do PIB em saúde. É demasiado para o nível de resposta obtido. Espanha gasta cerca de 8% do seu PIB, e tem um nível de resposta melhor do que nós.
Contudo, é preciso ter em atenção que o desperdício e a ineficiência dos gastos em saúde dão jeito a muita gente!
Ainda que este alerta dos especialistas de oncologia tenha um outro enfoque:
- Para os autores do documento, "o desperdício dos recursos deve-se à incapacidade e à inexperiência por parte de alguns profissionais face à abordagem diagnóstica e terapêutica dos doentes com vários tipos de tumores".
- Os dados que se dispõe, nomeadamente os dos resultados obtidos em cada região e instituição, são na opinião destes especialistas "escassos e em regra pouco completos e fiáveis".
Ou seja, há pouco nível de controlo de gestão e pouca especialização da oferta de saúde na área oncológica. Nada de surpreendente.
Mas, também há aspectos positivos:
- Enfatizam o alargamento da cobertura em cuidados especializados através da descentralização da prestação de serviços, o incremento da formação dos profissionais e uma melhor organização das instituições.
Aguardemos por melhores dias.