O Estado português é forte. As multinacionais farmacêuticas não são mais fracas do que o Estado português. Se algum burocrata do Estado pensa que sim, mude de ideias!
- A indústria farmacêutica não tem dúvidas: não é pelo facto de os hospitais pagarem todas as dívidas atrasadas, como decidiu o Governo no final da semana passada, que os laboratórios vão começar a vender os medicamentos mais baratos.
- O presidente da Glaxo portuguesa, Manuel Gonçalves, também considera que os preços não vão descer e aponta o esmagamento das margens dos laboratórios nos últimos três anos: “Estou na indústria há 25 anos e nunca vi negociações tão agressivas nos hospitais como desde 2005”.
- Contudo, para o economista Pedro Pita Barros a situação não é tão linear. “A redução de preços depende da capacidade negocial e da credibilidade que os hospitais terão a partir de Janeiro”. Ao Diário Económico, o professor de Economia da Saúde na Universidade Nova explica que “os preços dos medicamentos só vão descer se os laboratórios acreditarem que houve uma mudança de regime, que os prazos de pagamento não vão outra vez derrapar”.
- Actualmente, os hospitais demoram, em média, um ano a pagar aos fornecedores. Os próximos três meses são, por isso, essenciais: “Os laboratórios podem não querer fazer descontos já em Janeiro, porque ficariam vinculados a esses preços, suportando ainda um novo atraso nos pagamentos”.
Quem paga aos seus fornecedores com um diferimento de um ano, ainda quer ser levado a sério? A vantagem das multinacionais farmacêuticas é que têm o seu poder assente fora de Portugal, se não o Estado português forçava a barra. Mas, eles sabem isso, e o contribuinte português é que paga a factura!