O SNS vai funcionando, ainda que as dificuldades vão aumentando dia-a-dia. Pensamos, contudo, se quem "gere" o SNS ainda quiser reformá-lo, ainda irá a tempo de o fazer perdurar. Mas, para perdurar, não chega apenas fechar serviços e reduzir a qualidade dos mesmos.
Uma organização melhor, ajuda a um nível de serviço superior. Mas, só se consegue alcançar um serviço superior, se as pessoas que dirigem os Serviços forem auto-críticas e conheçam a realidade, tais como: os hospitais, os centros de saúde, que tipos de doentes temos em Portugal, etc.
Ora, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) parece que veio para defender os interesses dos doentes, quer o sejam no SNS ou em entidades privadas. Quando lemos isto, já não sabemos se assim é:
- Um número substancial (3360 reclamações), que revela um aumento de 476% face às reclamações recebidas em 2006, ano em que arrancou em força o funcionamento da estrutura. E que deverá subir ainda mais em 2008, uma vez que entraram na ERS, até à semana passada, 719 queixas.
- Aparentemente curioso é o facto de 78% das reclamações recebidas em 2007 dizerem respeito a prestadores privados.
- Por lei, as entidades privadas são obrigadas a remeter para a ERS todas as entradas no livro de reclamações criado expressamente para este sector em 2005.
- No caso dos prestadores públicos, as queixas vão para o "livro amarelo" da Administração Pública, existentes em centros de saúde e hospitais. Daí passam para as administrações regionais de saúde e depois para a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde. Recebemos apenas uma parte muito pequena, casos que, pela gravidade, são reencaminhados para nós, ou chegam por iniciativa dos utentes". O responsável garante que, independentemente desse percurso, a ERS "continua a acompanhar as reclamações no público, embora não individualmente, e a prova é de que temos algumas as mais importantes. É assim com as entidades reguladoras dos outros sectores também". E as reclamações, neste caso, envolvem já não atrasos, mas sim más prestações de cuidados e problemas de acessibilidade. Isto é, listas de espera.
Quando o Responsável da ERS afirma formalmente, que não há uma gestão de reclamações única, no sector da saúde em portugal, admite que fazer uma reclamação na maioria das instituições do SNS, é garantia de que reclamar é uma pura perda de tempo!
Isto sim, é desperdício no SNS, pois a desorganização custa sempre muito dinheiro.