O SNS, tal como foi concebido em 1979, por António Arnaut, morreu há muito. Sobretudo, quando a nova Lei de Bases da saúde de 1990, veio introduzir na Constituição da República a célebre ideia de "saúde tendencialmente gratuita".
Como portugueses que somos, sabemos que a nossa língua é dada a promiscuidades e inverdades. "Tendencialmente gratuita" diz tudo e diz nada. Ou seja, abriu-se o caminho do fim do SNS, como Arnaut o idealizou.
Convenhamos que não há outra volta a dar, pois o envelhecimento da população, o factor da beleza eterna e os baixos níveis de crescimento demográfico, só podem conduzir a um descontrolado custo da saúde, a não ser que cada um de nós comece a pagar tendencialmente uma grande parte do que gasta com a saúde.
Em paralelo, com os encerramentos de serviços públicos, registamos a coincidência da abertura, potencial, de novas unidades de saúde privadas!
- A par de Mirandela, as cidades de Bragança, Chaves e Vila Real também fazem parte do leque de investimentos em hospitais privados
- Em Bragança ainda não há anúncio oficial, mas o Jornal NORDESTE sabe que os terrenos anexos ao Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) vão acolher uma unidade de saúde de carácter privado.
- Já em Chaves, a unidade deverá estar concluída no último trimestre de 2009, fruto de um investimento na ordem dos 20 milhões de euros, que resulta de uma parceria entre a Casa de Saúde de Guimarães (CSG) e o Hospital Privado de Viana de Castelo
- Já o Hospital da Trofa anunciou recentemente que vai transformar o Hotel do Parque, inacabado há mais de 27 anos, no futuro Hospital Privado de Vila Real. Trata-se de uma unidade que terá as valências de urgência, internamento e ambulatório, bem como residências assistidas.
Será que há coincidências?
Post Scriptum: Deus queira que nos enganemos, mas não ficará o SNS apenas com o tratamento dos marginalizados da sociedade? E se assim for, aceitará a classe média suportar com os seus impostos o SNS?