A saúde inteiramente pública, não é solução. A privatização integral da saúde, não é solução. Então, um sistema hibrido, é a única solução. Ou seja, um sistema em que a gestão pública coexiste com os prestadores privados, é uma solução para que o sector público não adormeça definitivamente, e para que os privados tenham uma alternativa "tendencialmente gratuita".
O "Grupo Mello" actua na saúde desde há dezenas de anos e têm tido um papel crescente na oferta de cuidados de saúde. Têm por fim o lucro? Obviamente, que sim. Haverá alguém que tem por fim não ganhar dinheiro? A começar pelo SNS, será que há alguém que por lá trabalhe sem auferir o seu rendimento (se exceptuarmos alguns voluntários, em alguns hospitais)? Existe sim, muito cinismo, mas isso não é só na saúde que existe!
- Neste momento, temos (o Grupo Mello) projectos em Portugal e Espanha e assumimo-nos como um grupo ibérico.
- O objectivo é oferecer uma medicina de proximidade às pessoas, evitar que tenham de percorrer grandes distâncias para aceder a cuidados de saúde. Não gosto – nem me parece que seja a realidade – da dicotomia público/privado. Não nos desenvolvemos à custa do sector público.
- Para nós não se trata de uma segunda rede ou de fazer acordos com o Estado. Contribuímos de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida dos portugueses. Tratamos, em internamento, mais de 50 mil doentes, mais de dois mil doentes oncológicos, mais de sete mil crianças por ano. Garantimos mais de 600 mil consultas nas nossas unidades, 350 mil urgências. E isto existe porque as pessoas escolhem as nossas unidades, confiam no tratamento que prestamos.
- Com excepção do hospital Amadora-Sintra, com que temos um contrato de gestão, somos um grupo puramente privado. Não dependemos do SNS.
- Foi a experiência de gestão do Amadora-Sintra que levou os sucessivos governos, liderados pelo PSD e pelo PS, a apostar neste modelo de parcerias público-privadas. Ficou provado que é possível gerir, de forma mais eficiente, os recursos, com os incentivos correctos que os modelos de parceria permitem criar.
- Tenho pena que os processos tenham sido tão lentos – é fruto da sua complexidade. Mas nós temos uma estratégia e não estamos condicionados pelas parcerias público-privadas. Somos um parceiro para o reforço do investimento privado em Portugal. Apesar do fraco crescimento económico do país, vamos investir mais de 200 milhões de euros nos próximos três anos. Temos uma agenda....
- E hoje os procedimentos são bem mais simples, as decisões é que ainda são muito lentas. Até hoje, não há uma única iniciativa concretizada. Aí os sinais não são muito claros para o mercado. Não é por acaso que, apesar de estarmos no quarto ou quinto concurso e apesar de serem concursos significativos, não existe um único ‘player’ estrangeiro. Provavelmente por também considerarem que as regras são pouco claras; e enquanto for assim, não há investidor estrangeiro que aposte no sector.
Este último parágrafo da entrevista do Dr. Salvador de Mello diz tudo sobre a falta de atractividade do mercado português para os investidores estrangeiros. Na saúde é assim, nos outros sectores é igual! Ou o poder político percebe que tem que mudar a Administração Pública, ou a qualidade de vida dos portugueses continuará a definhar lenta, mas compassadamente!