Quando alguém chega a uma urgência hospitalar, é porque a situação é muito difícil, mesmo quase incontrolável. Contudo, em Portugal, muitas pessoas recorrem às urgências hospitalares, por razões menores: pequenos surtos gripais, problemas dentários, e outro tipo de situações sem verdadeira necessidade de apoio de urgência, se os referidos problemas fossem prevenidos antes.
Tudo isto a propósito desta notícia: no concelho de Gaia, contam-se cerca de 100 mil utentes que não têm médico de família. Não entendemos que o Interior esteja a ser despovoado de recursos de saúde, e simultâneamente, um grande centro, como Gaia (o terceiro Município mais populoso do país) tem esta grave deficiência.
Sem cuidados primários adequados, é inevitável que os cidadãos recorram por razões menores aos hospitais. Vejamos mais este nível de qualidade de serviço, nos cuidados primários:
- Os utentes do Centro de Saúde da Boa Nova fazem filas, de madrugada, na expectativa de conseguir uma consulta no serviço de reforço.
- É um centro construído há cerca de uma década e serve três freguesias, Vilar do Paraíso, Valadares e Madalena, e 32 mil pessoas. Actualmente, a lista de utentes sem médico de família na unidade contabiliza 10 500 habitantes.
- A partir das quatro horas, verificam-se filas, de madrugada, para conseguir uma consulta do reforço.