Tuesday, November 07, 2006

A falta de transparência na gestão da saúde


Lemos com alguma incredulidade, notícias sobre um relatório realizado pelo Tribunal de Contas, sobre uma nova experiência realizada nos hospitais do estado, que teve o nome de Hospitais, S.A..

Mais tarde, dedicaremos algum espaço a este relatório oficial.

Contudo, registamos algumas notícias:

Aqui:

  • A adopção do modelo empresarial em vários hospitais portugueses resultou em aumentos de eficiência, em termos globais e em comparação com as unidades de gestão tradicional.
  • os défices de exercício dos hospitais empresarializados têm-se agravado.
  • Devido à transformação jurídica em sociedades anónimas (SA) no final de 2002, os hospitais com gestão empresarial receberam dotações de cerca de 897 milhões de euros....este dinheiro, na maior parte dos casos, foi utilizado para cobrir despesas correntes, não contribuindo para tornar estas unidades viáveis financeiramente.

Aqui:

  • E, se as auditorias a três hospitais servirem de exemplo, o grau de satisfação dos utentes baixou.
  • Apesar do ano de 2005 não constar do período auditado, o Tribunal refere já que ascendeu a 20 o número de hospitais SA com resultados negativos, no ano passado, "aumentando em relação a anos anteriores".
  • Quanto ao endividamento, verificou-se um crescimento das dívidas a fornecedores a partir de 2002, particularmente no período da transformação, com um acréscimo de 30%.
  • o Tribunal de Contas critica a actuação da Unidade de Missão Hospitais SA por não ter procedido em 2003 e 2004 a um "adequado controlo financeiro, em especial, ao endividamento resultante dos compromissos assumidos perante os fornecedores, no sentido de acautelar as necessidades futuras".

E aqui:

  • O Tribunal de Contas também não poupa críticas às entidades com competência para fiscalizar aqueles hospitais – Unidade de Missão e Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde (IGIF), dependentes do Ministério da Saúde.
  • As despesas com o pessoal representaram o maior acréscimo nos custos dos hospitais SA, mais do que com mercadorias, material clínico, fornecimentos ou serviços exteriores.
  • O administrador hospitalar Manuel Delgado não tem dúvidas de que o modelo dos hospitais SA “falhou”, porque, sublinha, “tiveram dinheiro fresco [898 milhões de euros] e não se coibiram de contrair empréstimos bancários, com 16,4 milhões de euros”.

Comentários nossos:

  1. Continuamos a insistir que não há gestão na saúde, e verificamos pelo relatório do Tribunal de Contas, que infelizmente temos razão. Para os mais detatentos, sempre dizemos que se não há controlo de gestão, não há gestão.
  2. É confrangedor, que o Ministério da Saúde e todos os órgãos tentaculares, na sua dependência, tenham informação de gestão, 2, 3 ou 4 anos, após o fim dos exercícios. Em Wall Street, ou na Bolsa de Valores de Lisboa, os resultados das empresas, aparecem a público, 15, 30 ou 45 dias, após o encerramento de cada ciclo.
  3. Finalmente, gostaríamos de saber se haverá consequências, nos vários níveis, que são alvo deste relatório: Ministério da Saúde, Unidade de Missão, IGIF ou Administrações Hospitalares. Ou não acontecerá nada? A palavra ao contribuinte....