Ironias!

Costuma-se dizer que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis. Vem isto a propósito da declaração do Professor Correia de Campos, ontem numa reunião em Coimbra. Dizia o Ministro da Saúde, "Não estava destinado a ser ministro da Saúde, senti muita relutância em aceitar estas funções, em passar para uma função de risco - pessoal, político e até financeiro". Se assim foi, porque aceitou ser Ministro da Saúde? Por sacrifício pela nação?

Porquê que a mudança traz sempre tanto medo associado?

Lemos aqui, que o Hospital do Desterro não deve ser encerrado, ainda que, e como diz na referida notícia, "A decisão foi justificada com a baixa taxa de ocupação das 150 camas do hospital e com os custos de manutenção da tecnologia hospitalar num edifício centenário". Ou seja, continua-se a pensar que o Estado deve sustentar tudo, mesmo aquilo que já não tem condições de sustentabilidade, quer por falta de ocupação, quer por envelhecimento. A mudança incomodou sempre muita gente!

Porquê que o paciente, não é tratado como Cliente?

Continuamos a não entender, porquê que na saúde o paciente, não é tratado como Cliente. Primeiro, esta notícia diz-nos que continuam a existir 234 mil portugueses a aguardar cirurgia. Partimos do princípio, que pagando impostos e taxas moderadoras, deverão ser tratados como Clientes. Mas, se esperam......não são tratados como Clientes. Depois, vemos algo que já nos vai animando, como é o caso desta informação, que nos diz que "O Ministério Público vai levar a julgamento oito médicos de Viseu, acusados de um crime de homicídio por negligência". Será que se vai conseguir separar o "erro médico" da "negligência"? É que já estamos cansados, como Clientes, de assistir à velha justificação, de que a má assistência tem a ver com a falta de recursos, ou com a sua má organização!

Hillary Clinton e os serviços de saúde nos E.U.A.

Na sua campanha de reeleição para o Senado dos E.U.A., Hillary Clinton relançou o tema forte da insustentabilidade do "status quo" no sistema de saúde do seu país.
Conforme a CNN, Hillary Clinton acusa mesmo a Administração Bush de negligenciar o assunto. Negligenciar a "bomba relógio" da saúde pode ser mais perigoso do que um ataquer nuclear......

A União Europeia e o desafio das tecnologias na saúde

A nova Presidência da U.E., Austríaca, tem como uma das suas prioridades a promoção das novas tecnologias aplicadas à saúde. Realizar-se-á em Málaga, entre 10 e 12 de Maio de 2006, a e-health Conference - 2006, em que se falará de: inovação, qualidade, cidadãos, análise custo-benefício, ou entre outros, em neuro-informática, tudo aplicado à saúde.

Será a gestão da saúde, assim tão complexa?

Temos abordado o tema sempre importante, das mudanças a nível de gestão, que se operam, nomeadamente, no sector público da saúde. Mas, as surpresas não param de acontecer. Lemos no Diário Económico, que o Presidente do Instituto de Gestão e Informática, do Ministério da Saúde, IGIF, foi chamado a dar informações sobre como vão as contas da saúde em Portugal, já que o Tribunal de Contas, e segundo o mesmo jornal, refere que "as conclusões de uma auditoria do Tribunal de Contas que arrasa os mecanismos de controlo das contas da Saúde". De facto, controlo é coisa que não existe em muitas instituições em Portugal, basta ler a afirmação do Presidente do IGIF, perante os Deputados, "Os hospitais com gestão empresarial já têm todos os contratos-programa para 2006 assinados, aguardando apenas a homologação do secretário de Estado da Saúde". Ou seja, já vai quase um mês passado do ano, e ainda não há planificação aprovada. Precisa-se urgentemente de gestão, na área da saúde.

O choque tecnológico na saúde

Vivemos com a informática. Sem ela, nada funciona, nos dias de hoje. Registamos com agrado, que o pequeno Estado dos E.U.A., Maine (cerca de metade de Portugal, em território), tenha tido a excelente iniciativa de criar uma rede que liga todos os prestadores clínicos nesse Estado, sendo este de características muito rurais e em que as dispersão geográfica entre os vários prestadores é elevada. Nesta notícia, verificamos que "The stakeholders from across the industry and the state include representatives from both private and public sectors.". Ou seja, há uma integração de todos os tipos de prestadores. E mais, o projecto vai ser orientado por uma organização sem fins lucrativos, e começará a funcionar 18 meses após a sua planificação inicial. Não seria bom, alguém do Ministério da Saúde de Portugal, ir visitar o Maine? Aprender com bons casos, é sempre bom!

Avanços na tecnologia

A esperança média de vida tem aumentado consistentemente. Já o sabemos. E sabemos também que a inovação tecnológica tem ajudado a que as pessoas vivam mais e com melhor qualidade. Sabemos agora, que uma nova tecnologia que permite produzir imagens a 3 dimensões dos aneurismas, permite maiores esperanças a quem tenha os ditos aneurismas. A nova tecnologia, e como diz a CNN, "thanks to a novel technology that produces 3-D images of the blood pounding through brain arteries almost like engineers visualize wind currents around airplanes". O médico e investigador Dr. Michael Lawton diz mesmo que "There are a lot of people probably being told, 'My god, this is a horrible aneurysm, we have nothing to offer you, you'll probably be dead in two to five years,"'. Mas finaliza com uma grande esperança, "We think we have something to offer that may stop this downward spiral". Nem tudo é mau, neste admirável mundo.

Reforma dos Cuidados Primários

Ficamos satisfeitos quando lemos que mais uma parte do Estado tenta reformar-se. Neste caso, é a reforma dos Centros de Saúde, que por incrível que pareça não oferecem "médico de família" a cerca de um milhão de portugueses. É caso para perguntar, porque é que não se cumpre a Constituição da República. Mas apesar da nossa satisfação, verificamos que esta reforma que é liderada pelo Dr. Luís Pisco, "acredita poder dar um médico de família a mais 225 mil utentes, diminuindo em 30% o número de portugueses sem esse direito (750 mil)". Ou seja, continuamos a saber que existem recursos a mais em muitos sítios, e recursos a menos em outros sítios. Onde está a gestão na saúde, em Portugal, perguntamos nós?

O modelo hospitalar e os estudos

Lemos hoje aqui, que os Hospitais SA's, que agora se chamam Hospitais EPE's, têm um maior crescimento de qualidade e eficiência, do que os Hospitais do Sector Público Administrativo (SPA). O Estudo foi elaborado pelo Professor Miguel Gouveia, da Universidade Católica. Não vamos julgar o estudo, até porque não o lemos, mas também sabemos que as estatísticas, tal como as Leis, têm sempre várias leituras.

Um hospital sem papel

Lemos no site oficial do Ministério da Saúde, que o Centro Hospitalar do Alto Minho, após a introdução de um novo software, passará a funcionar sem papel. Não sei se ficamos incrédulos, ou se acreditamos. Será que os Médicos irão enviar a receita dos medicamentos directamente à farmácia, por via electrónica? Será que a tradicional tarjeta amarela ou verde, que define prioridade de atendimento, é eliminada? Não sei se às vezes, quem está em posições de maior responsabilidade está a ser sério ou se quer parecer sério! Mas, que venha a "revolução tecnológica" para a Administração Pública, a começar nos Hospitais e Centros de saúde. Estamos à espera há demasiado tempo!

Entidade Reguladora da Saúde

Finalmente parece que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) se vai "reactivar". Mas, lemos num jornal, que o "reinício" se dará da pior forma, ou seja "Os prestadores de cuidados de saúde, onde se incluem hospitais e centros de saúde, vão pagar uma taxa de inscrição na Entidade Reguladora da Saúde entre os mil e os 50 mil euros, estabelece uma portaria ontem publicada em Diário da República.". Para quem tenha dúvidas, veja mesmo o Comunicado, curiosamente o número 1 do ano de 2006, da referida ERS. Ou seja, as entidades, públicas e privadas da saúde começam o ano sob o signo de mais um imposto. Esperemos que a ERS cumpra a sua função, para que não venha a acontecer que mais um imposto não acrescente nada!

A gestão dos meios, na saúde

Todos sabemos que Portugal passa por uma crise de dimensões ainda não devidamente avaliadas. Quando passará, não sabemos? Mas, sabemos muito claramente uma coisa: os recursos que o país gera, não chegam para suportar as despesas que tem. E quando assim é, só resta racionalizar as ditas despesas. Segundo esta notícia, o Ministério da Saúde decidiu encerrar urgências de Centros de Saúde que "não tenham mais de 10 atendimentos por noite". Parece-nos razoável. Mas, é logo contestado pelas populações locais. Isto passa-se no ensino, passa-se na justiça, passa-se na generalidade da Administração Pública. Será que os portugueses já perceberam mesmo, que o país não produz o suficiente que permita ter um Hospital, uma Universidade e, entre outros, um Tribunal, por cidade?

Auditoria aos serviços

O conceito básico de auditoria, diz que ela para ser eficiente tem que ser: sistemática, periódica e realizada por entidade ou entidades independentes. Vem isto a propósito da notícia que vem dizer que "Várias situações «ilícitas» que beneficiaram «interesses ilegítimos» foram detectadas pela administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa". Não pode e não deve ser, apenas, quando assume a posse uma nova Administração de uma Entidade Pública, que se realiza uma auditoria ou avaliação da situação anterior. A auditoria para ser eficaz tem que ser realizada, pelo menos anualmente, e se possível por mais do que uma entidade externa à organização auditada. Parece que o Estado, que "somos todos nós" ainda não absorveu o conceito exacto de auditoria. Ou não quer absorver, o que nós não queremos acreditar.

Admirável mundo

O cirurgião cardíaco Michael Black, faz "a volta pelos doentes", conforme a foto ao lado. Não é mais do que "a four foot tall, metal robot!", conforme se refere aqui. Diz Michael Black "What can be better than being available almost all of the time?" Utilizando um joystick o Dr. Black dirige o robot do seu gabinete ou mesmo de casa. O Dr. Black pode ainda ler raio-x ou mesmo monitores. Num outro sítio, refere-se que na Grã-Bretanha se utiliza este tipo de robot para que os especialistas consigam "uma segunda opinião" de outros colegas, que muitas vezes é necessária em áreas de cuidados intensivos.

Conference: transforming healthcare through IT

Decorrerá em San Diego, Califórnia, EUA, entre 12 e 16 de Fevereiro de 2006, a Conferência anual da Healthcare Information and Management Systems Society. Do Programa da Conferência, fazem parte, entre outros, Bernard Kouchner, Presidente dos Medecins sans Frontieres, e Craig Barrett, Chairman da Intel. As tecnologias de informação são hoje uma das áreas de maior investimento da maior economia do mundo. Serão abordados temas como: melhoria da qualidade dos serviços de saúde, a ligação dos pacientes via electrónica ou novos sistemas de pagamento aos prestadores por performance. Seria bom, que estivessem por lá alguns portugueses.

Prenúncios de Ano Novo ?

A mudança tem sido um dos temas mais abordados por aqui. A saúde vive mudanças profundas, desde os recursos humanos, até ao controlo dos gastos, e entre outros, ao modelo de governação das entidades hospitalares. Contudo, parece que o Ministério da Saúde quer dar sinais claros, de que a mudança vai continuar, conforme se pode ver aqui. É verdade, são apenas "sete funcionários públicos da área da Saúde foram colocados no quadro de supranumerários", mas não será este um prenúncio do que aí vem?