Saturday, June 29, 2013

A culpa morre sempre solteira

Portugal não tem remédio, apenas porque os seus habitantes não querem que as coisas mudem. Depois de evidentes danos causados a pessoas doentes e indefesas, vítimas da irresponsabilidade de uma instituição de saúde do Estado, o Doutor Juíz determinouO tribunal absolveu hoje os dois profissionais de saúde julgados no processo relacionado com cegueira total ou parcial de seis pessoas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em julho de 2009.

Perante isto, o que fazer? Nada. Portugal continuará o seu caminho para o abismo. Um país sem rumo. Um país sem Justiça. Um país de pretensos brandos costumes, ou mais apropriadamente, um país frouxo.

O Doutor Juíz, ou não quis saber, ou fingiu que não soube disto:

  • Ao longo de 15 meses de audiências – o julgamento teve início a 02 de fevereiro de 2012 -, ficou a saber-se que a Unidade de Produção de Citotóxicos não tinha manual de procedimentos para a elaboração de medicamentos, nem havia normas na rotulagem dos medicamentos.
  • Ficou ainda a saber-se que os medicamentos eram elaborados e ministrados segundo as orientações verbais da coordenadora do serviço de produção de citotóxicos, e que não havia supervisão e fiscalização dos profissionais que produziam os medicamentos por falta de meios humanos.
  • Ao longo do julgamento, uma ex-inspetora do Infarmed considerou que devia haver mais arguidos no banco dos réus deste julgamento, sobretudo os superiores hierárquicos dos dois arguidos. 
A culpa não é da Tróika, nem do FMI, nem da Comissão Europeia. Os portugueses gostam de elites assim, Doutores Juízes, Doutores em medicina, Administradores hospitalares.

Tudo isto se passou naquele que é apresentado pelos donos do Estado, como o melhor hospital do país, o Hospital de Santa Maria!

As indemnizações pagas às vítimas, determinadas por um tribunal arbitral, foram pagas pelos dinheiros retirados aos contribuintes que ainda pagam impostos em Portugal. Curiosamente, o contribuinte vai pagando tudo, desde a má governação, até à má Justiça. Até quando?

Friday, June 28, 2013

Rankings dos hospitais

Rankings cheira a classificações. Cheira a campeonatos. Cheira a competição. Muita gente que trabalha nos serviços de saúde não gosta de competição. A competição nem sempre deve ser vista como negativa.

Este é o resultado de um campeonatoO Hospital de Braga é, no seu grupo de referência, "o mais eficiente" na gestão das cirurgias programadas, tendo em conta critérios como procura, oferta, transferência, qualidade no acesso e produtividade. A conclusão é do Relatório da Atividade Cirúrgica Programada que teve o ano de 2012 como referência. A classificação foi divulgado pela Administração Central dos Sistemas de Saúde.

O Hospital de Braga é gerido em regime de Parceria Público - Privada (o tal regime que custa a cada contribuinte português, valores astronómicos), entre o Estado português e a José de Mello Saúde. 

Quem não gosta da José de Mello Saúde vai desprezar este resultado. Quem gosta de concorrência na saúde e em todos os sectores, vai gostar de continuar a ver os resultados futuros da avaliação de desempenho dos hospitais portugueses.

Wednesday, June 19, 2013

Crónica de uma falência anunciada

Todos os anos, o mundo académico português relacionado com a saúde, emite um documento, sob a chancela do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. Este ano, não foi excepção.

Curiosamente, este ano, o relatório habitual inicia-se com um relato sobre o presente descalabro económico-financeiro de Portugal, iniciado em Maio de 2011. Ou seja, os académicos da saúde parece que perceberam que a falta de recursos do Estado levou à inevitável decadência dos resultados da saúde em Portugal. Parece novidade, mas não é. A falência da nação já indiciava os resultados actuais.

Adiante, depois, o mesmo relatório do Observatório, lista as "tarefas" que o Governo de Portugal tem de executar, por imposição da chamada Tróika. Nada de novo, também. Quem deve, tem que cumprir o que o credor quer. A não ser que deixe de cumprir, e deixe de pagar. Mas, chegados aí, Portugal ficaria (ficará?) sem combustível, sem automóveis novos, sem medicamentos, sem ressonâncias magnéticas, etc.

Depois, na Figura 1, do documento, verifica-se o que foi a loucura vivida no Ministério da Saúde desde 2000, até 2010. Durante este período, o Orçamento da saúde cresceu dos 4.500 milhões de euros anuais, para os 8.700 milhões de euros. Ou seja, os patuscos que ocuparam os cargos de gestão da saúde em Portugal, duplicaram a despesa em 10 anos. Grandes dirigentes. Grande falência.

Voltaremos mais tarde, ao documento publicado pelo Observatório.

Monday, June 17, 2013

Retrato de um ministro popular

Em tempos de dificuldades de uma nação em completo desvario, não é fácil ser-se popular, e onde até seria mais fácil ser-se populista: Paulo Macedo consegue mais do que não ser extremamente impopular enquanto desbasta centenas de milhões de euros em despesa com Saúde - consegue a adulação quase unânime de editorialistas e de líderes de opinião que, mesmo sem saberem o que realmente se passa na Saúde.

E porquê? Porque há aquilo que comummente se chama de bom senso: Paulo Macedo é um executivo rodeado por uma equipa que, em contraste atroz com o que se passa em tutelas como as Finanças, sabe gerir a mensagem e a comunicação.

E mais: 1) o ministro neutralizou de imediato o lóbi que mais problemas lhe poderia causar: os médicos. Um aumento salarial encapotado em tempo de crise profunda tem chegado para comprar a paz; 2) A desintegração do outro lóbi problemático, o das farmácias (muito devido à saída do perigoso e eficaz João Cordeiro), foi um bónus inesperado; 3) Relativamente liberto das corporações mais pesadas (e adiando a polémica reestruturação da rede de saúde para depois das autárquicas), Macedo colocou a maior parte do peso do ajustamento na Saúde em dois alvos fáceis: a indústria farmacêutica e os doentes; 4) De que se fala quando se fala em racionar? Fala-se em ter quotas apertadas para a prescrição de medicamentos melhores e mais caros em patologias dispendiosas (como a diabetes e o cancro), fala-se em quotas para o número de cesarianas (cada vez mais decididas como último recurso), fala-se em comparar médicos pelo que prescrevem e não pelos resultados, fala-se em escolher quem se trata - fala-se, no fundo, de gerir muitas vezes ao arrepio dos melhores interesses dos doentes, sem que estes o saibam.

Num país, em que quem tem desempenhado funções governativas e de dirigentes da administração pública, não tem a mínima noção da gestão de um casebre de gado, parece que ainda há alguém com capacidade e discernimento para conduzir um barco à beira de se despedaçar.

Avé, César!

Sunday, June 09, 2013

Os gloriosos anos loucos

Cada farmácia valia de trespasse entre um e dez milhões de euros. Poderia localizar-se em São João da Madeira ou em Faro. Ultrapassavam-se rácios de quase todos os outros negócios. O trespasse de uma farmácia valeria 3, 4, ou 10 vezes, o volume de facturação anual. Era melhor ter uma farmácia, do que uma mina de ouro na África do Sul.

Correia de Campos, que foi dos poucos ministros da saúde, com algum tino, queria dobrar o forte lobby do retalho farmacêutico. Entre as medidas engendradas para forçar a quebra dos retalhistas de medicamentos veio a ideia peregrina de abrir as chamadas farmácias hospitalares. Os valores licitados para as várias farmácias hospitalares pareciam que no Hospital de Santa Maria, por exemplo, se vendia algo ainda mais raro do que diamantes, tal a barbaridade contratualizada com o Estado, para a abertura da farmácia hospitalar.

Como a vida é dura (sempre foi), os ventos mudaramAs seis farmácias hospitalares do País enfrentam processos de cobrança de dívida que deverão levar ao fecho destes estabelecimentos. Em causa, segundo o Diário de Notícias, estão dívidas de 16 milhões de euros aos hospitais onde se instalaram, nomeadamente no que diz respeito ao pagamento de rendas.

A insanidade toldou os portugueses por demasiado tempo: Pedro Nunes, administrador do Hospital de Faro refere que só em rendas fixas a farmácia deve 517 mil euros. Montante que "nunca foi pago nem os 26% da facturação" e por isso perderiam "uma acção de despejo", acrescenta.

Custa muito a quem não sabe! Os portugueses pensaram que Portugal, ao entrar na União Europeia, teria voltado à gloriosa época do ouro do Brasil.

Tuesday, June 04, 2013

Colonoscopies Explain Why U.S. Leads the World in Health Expenditures


Deirdre Yapalater’s recent colonoscopy at a surgical center near her home here on Long Island went smoothly: she was whisked from pre-op to an operating room where a gastroenterologist, assisted by an anesthesiologist and a nurse, performed the routine cancer screening procedure in less than an hour. The test, which found nothing worrisome, racked up what is likely her most expensive medical bill of the year: $6,385.

That is fairly typical: in Keene, N.H., Matt Meyer’s colonoscopy was billed at $7,563.56. Maggie Christ of Chappaqua, N.Y., received $9,142.84 in bills for the procedure. In Durham, N.C., the charges for Curtiss Devereux came to $19,438, which included a polyp removal. While their insurers negotiated down the price, the final tab for each test was more than $3,500.

Americans pay, on average, about four times as much for a hip replacement as patients in Switzerland or France and more than three times as much for a Caesarean section as those in New Zealand or Britain. The average price for Nasonex, a common nasal spray for allergies, is $108 in the United States compared with $21 in Spain. The costs of hospital stays here are about triple those in other developed countries, even though they last no longer, according to a recent report by the Commonwealth Fund, a foundation that studies health policy.

While the United States medical system is famous for drugs costing hundreds of thousands of dollars and heroic care at the end of life, it turns out that a more significant factor in the nation’s $2.7 trillion annual health care bill may not be the use of extraordinary services, but the high price tag of ordinary ones. “The U.S. just pays providers of health care much more for everything,” said Tom Sackville, chief executive of the health plans federation and a former British health minister.

Colonoscopies offer a compelling case study. They are the most expensive screening test that healthy Americans routinely undergo — and often cost more than childbirth or an appendectomy in most other developed countries. Their numbers have increased manyfold over the last 15 years, with data from the Centers for Disease Control and Prevention suggesting that more than 10 million people get them each year, adding up to more than $10 billion in annual costs.