Tuesday, January 31, 2012

Uma descomunal falta de vergonha

Andam para aí a dizer que há falta de médicos, pelo menos há décadas. Dizem também, que há falta de médicos no Interior de Portugal e nos Centros de Saúde. Há milhares de portugueses a cursar medicina em Espanha, na República Checa e na República Dominicana, sobretudo porque em Portugal não há vagas suficientes no ensino superior público e no ensino superior privado está vedada a leccionação em medicina. Ou seja, a Ordem dos Médicos manda, pode e quer, na política pública de ensino.

Com uma absoluta desfaçatez, e fazendo dos cidadãos tolos, vem a tal de Ordem dos Médicos pedir isto: A Ordem dos Médicos apelou, numa carta enviada ao ministro da Saúde, à revisão dos 'números clausus' para Medicina e do número destes cursos em Portugal, adequando-os "às reais necessidade futuras dos portugueses".

E a razão para tal dislate é esta: "Se o Estado continuar a financiar cursos a mais e a impor vagas em excesso, que reduzem a qualidade da formação, não pode depois dizer que não há dinheiro para tratar os doentes ou para permitir que todos os licenciados em Medicina tenham acesso a uma especialidade", adianta o bastonário.

Não queremos ver médicos portugueses desempregados, ou sequer a emigrar. Queremos ver os médicos que têm pouco trabalho nos hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra, reorientados para as áreas em que há falta de clínicos. Se esta abordagem funciona em todas as profissões, porque não servirá para os médicos? Já agora, se há "vagas em excesso", como diz a corporação médica, porque será que ainda há por aí umas largas centenas de médicos espanhóis, brasileiros, cubanos, etc.?

Com élites destas, Portugal não vai sair da presente falência tão cedo!

Wednesday, January 25, 2012

Crónica de uma morte anunciada III

Já por aqui vamos escrevendo sobre a prevista morte do chamado Serviço Nacional de Saúde. Isto é, não vão acabar os hospitais, nem os Centros de Saúde. Não vão fechar os IPO's, nem os médicos vão ficar todos desempregados. Mas, Portugal não gera riqueza para suportar laboratórios farmaceuticos pomposamente enriquecidos. Portugal não gera riqueza para dar trabalho a todos os médicos que se passeiam pelos hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra. Portugal não gera riqueza para dar análises clínicas e meios complementares de diagnóstico quase gratuitos a quase toda a gente. Portugal não gera riqueza para ter muita gente rica no Serviço Nacional de Saúde, quando os contribuintes estão depenados e o país em bancarrota.

Este é só mais um retrato que ilustra o que nós já pensamos há muito:
  • De acordo com o INE, entre 2000 e 2008, os gastos em saúde, em termos nominais, cresceram 4,9% por ano, ao passo que o crescimento médio anual da riqueza nacional se ficou nos 3,9% - o que coloca o País como o quinto que mais gasta na União Europeia, logo depois de países como França, Alemanha, Áustria e Bélgica. A despesa total do sector ascendeu a mais de 17 mil milhões, o que representa 10% do PIB.
Ou seja, é muito bonito ter quase tudo gratuito quando se vai a um serviço público de saúde, mas quem paga? As empresas competitivas fogem do país. Os membros mais válidos e com potencial apressam-se a sair de Portugal, ou são empurrados pelos Governos. Perante isto, o que se quer? Milagres? Só em Fátima, e é só para quem acredita!

Ainda para mais num cenário nada improvavel, mas que contribui adicionalmente para adensar as já de si nuvens negras: A expectativa é que os custos com saúde continuem a crescer nos próximos anos, pressionados por três factores principais: o envelhecimento da população, o ritmo da inovação tecnológica e o aumento das doenças crónicas são os três factores apontados pelos especialistas para o agravamento da despesa, ameaçando a sustentabilidade do sistema.

Perguntamos nós, valerá a pena pagar impostos neste momento em Portugal? Quais serão as contrapartidas desse pagamento?

Thursday, January 19, 2012

Farmácias: o fim de festa

Depois da festa de décadas de lucros garantidos, de controlo da oferta de lojas abertas, e de garantia do pagamento dos créditos por parte de um Estado gastador, vem a borrasca da realidade de que Portugal é um país pobre, mas tem que ser honesto.

Não se faz por aqui, o culto da pobreza. Faz-se antes, o culto da oportunidade para todos, do rigor e do mérito. Em Portugal, tudo parece existir à volta do Estado - feudal. O Estado português faliu por muitos anos. Agora, a sociedade se quer sobreviver, tem que mostrar que tem valor, e que não vive apenas porque está agarrada ao Estado.

Este panorama reforça a ideia de que o sector do retalho farmaceutico vivia faustosamente com o apoio claro do Estado, e só por isso:

1. De acordo com o estudo, o número de farmácias com fornecimentos suspensos era de 255 em Dezembro de 2009, de 450 em Dezembro de 2010 e de 795 em Dezembro de 2011, o que traduz uma variação de mais 212% em dois anos. No final de 2009 havia 121 processos judiciais em curso para regularização das dívidas, número que subiu para 287 no final do ano passado, uma variação de 145%. Já o número e farmácias com um prazo de pagamento superior a 90 dias ascendia a 1.169 em 2011, mais 39% do que as 839 que estavam na mesma situação em 2009.

2. João Cordeiro ouvido na AR por requerimento do PS, para debater a situação financeira das farmácias, avisa que são já muitas as farmácias em insolvência. E, perante esta situação, a Associação Nacional de Farmácias avança com uma proposta para fixar a margem de lucro das farmácias com cada medicamento.

Estes Senhores empresários, que até têm algum mérito, têm que saber sobreviver sem o apoio descarado do contribuinte. E deixarem-se de feudalismos, como este: O presidente da ANF, João Cordeiro, considerou “urgente o Ministério da Saúde olhar para estes números”, sublinhando que “a situação é muito grave”.

Relembremos que possuir uma farmácia, na sua grande maioria dos casos, era sinónimo de ser rico, até há pouco tempo. E no fundo, ter um negócio aberto implica sempre risco e adversidade, que deve ser compensado por capacidade e engenho do empreendedor, para assim vir a ter interesse comercial. De outra forma, gera-se iniquidade, gerada por relações perigosas.

Tuesday, January 10, 2012

Horas extraordinárias

O conceito de horas extraodinárias é de fácil compreensão. Ou seja, quando os recursos humanos existentes não asseguram o trabalho em curso, tem que se pedir às mesmas pessoas que desempenhem mais horas de trabalho. Ora, o recurso às horas extraordinárias, só pode ser utilizado de forma extraordinária. Se o recurso às horas extraordinárias for recorrente, então deverá contratar-se mais pessoas para se fazer face ao trabalho que existe.

No Ministério da Saúde, e no que respeita aos médicos, o conceito parece ser diferente. Se não vejamos: As urgências hospitalares podem ficar sem médicos suficientes a partir de Abril, tendo em conta os «milhares de profissionais» que entregaram as declarações a solicitar o cumprimento das 100 horas extraordinárias anuais previstas na lei.

Como? 100 horas de trabalho extraordinário, são as horas equivalentes a quase 3 semanas de trabalho. E mesmo assim, os médicos acham pouco? Os hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra, têm inapelavelmente centenas de médicos a mais. Porque se pagam horas extraordinárias, se há gente que efectivamente anda pelos corredores a passar o tempo?

Pior, a corporação sindical dos médicos dá-se ao luxo de afirmar isto: normalmente em menos de três meses os médicos realizam as 100 horas extraordinárias, a FNAM prevê complicações a partir de meados de Abril.

É preciso gestão no Ministério da Saúde.

Tuesday, January 03, 2012

A (in)dignidade por menos de um vintém

Portugal está exausto. Portugal consumiu durante décadas, sem tino. Portugal não consegue ter caminho. Fechou hospitais ineficientes, e chutou os doentes para terceiros, mas esqueceu-se de pagar: Os mais de 2,3 milhões de euros que Portugal deve a Espanha, relativos a 2008, 2009 e 2010, foram divulgados pela vice-presidente e porta-voz da Junta da Extremadura, Cristina Teniente.

O processo é longo. Correia de Campos. Maternidades com menos de 1.500 partos anuais deveriam fechar. Em zonas raianas, poderia optar-se pela solução "ibérica". Como em Portugal, o Estado (que são todos os contribuintes) se habituou a pagar tarde e a más horas, quem representa o dito Estado assume que pode ter esta prática da mesma forma junto de credores nacionais ou estrangeiros. Enganados estão.

A Indústria farmacêutica já ameaçou fechar os fornecimentos. Afinal, o que representa Portugal para a Glaxo ou para a Pfizer? Menos de 1% do seu volume de negócios global.

Agora, nuestros hermanos seguem as pisadas: “Não foi recebido o pagamento de qualquer montante em divida nem no ano de 2008, nem em 2009”, tendo apenas sido liquidado um montante “praticamente simbólico em 2010”, pelo que, “até ao dia de hoje, a dívida é de 2,33 milhões de euros”, afirmou a porta-voz da Junta da Extremadura.

E agora, o que farão os Senhores da João Crisóstomo? Querem ver o nome de Portugal andar ainda mais pelas ruas da amargura?

Monday, January 02, 2012

Obesity kills

"Being fat takes the fun out of being a kid," read graphics of a TV ad in which a young girl tells of how she doesn't like going to school because she's bullied over her weight. It is part of a video and print campaign to combat childhood obesity in Georgia, which has one of the highest childhood obesity rates in the nation. But could the ads end up stigmatizing overweight kids instead of solving the problem? "Blaming the victim rarely helps," said Dr. Miriam Labbok, director of the Carolina Global Breastfeeding Institute at the University of North Carolina at Chapel Hill. "These children know they are fat and that they are ostracized already."