Thursday, January 19, 2012

Farmácias: o fim de festa

Depois da festa de décadas de lucros garantidos, de controlo da oferta de lojas abertas, e de garantia do pagamento dos créditos por parte de um Estado gastador, vem a borrasca da realidade de que Portugal é um país pobre, mas tem que ser honesto.

Não se faz por aqui, o culto da pobreza. Faz-se antes, o culto da oportunidade para todos, do rigor e do mérito. Em Portugal, tudo parece existir à volta do Estado - feudal. O Estado português faliu por muitos anos. Agora, a sociedade se quer sobreviver, tem que mostrar que tem valor, e que não vive apenas porque está agarrada ao Estado.

Este panorama reforça a ideia de que o sector do retalho farmaceutico vivia faustosamente com o apoio claro do Estado, e só por isso:

1. De acordo com o estudo, o número de farmácias com fornecimentos suspensos era de 255 em Dezembro de 2009, de 450 em Dezembro de 2010 e de 795 em Dezembro de 2011, o que traduz uma variação de mais 212% em dois anos. No final de 2009 havia 121 processos judiciais em curso para regularização das dívidas, número que subiu para 287 no final do ano passado, uma variação de 145%. Já o número e farmácias com um prazo de pagamento superior a 90 dias ascendia a 1.169 em 2011, mais 39% do que as 839 que estavam na mesma situação em 2009.

2. João Cordeiro ouvido na AR por requerimento do PS, para debater a situação financeira das farmácias, avisa que são já muitas as farmácias em insolvência. E, perante esta situação, a Associação Nacional de Farmácias avança com uma proposta para fixar a margem de lucro das farmácias com cada medicamento.

Estes Senhores empresários, que até têm algum mérito, têm que saber sobreviver sem o apoio descarado do contribuinte. E deixarem-se de feudalismos, como este: O presidente da ANF, João Cordeiro, considerou “urgente o Ministério da Saúde olhar para estes números”, sublinhando que “a situação é muito grave”.

Relembremos que possuir uma farmácia, na sua grande maioria dos casos, era sinónimo de ser rico, até há pouco tempo. E no fundo, ter um negócio aberto implica sempre risco e adversidade, que deve ser compensado por capacidade e engenho do empreendedor, para assim vir a ter interesse comercial. De outra forma, gera-se iniquidade, gerada por relações perigosas.