Sunday, May 02, 2010

A farmácia visa sobretudo o lucro

É verdade, as farmácias são na sua grande maioria privadas e visam o lucro. Mas, há quem ache que as farmácias, ditas de comunidade ou de oficina, visam muito mais do que o lucro. Talvez. Imagine-se o serviço "para-médico" que muitas farmácias prestam a muitos cidadãos, evitando que estes vão ao médico, por causa de uma dôr de garganta ou de uma dôr intestinal.

Mas, ao ler isto, ficamos com a perfeita noção de que um negócio de ratalho farmacêutico é gerível da mesma forma que um supermercado ou um café: Com a subida das margens de lucro para 20 por cento, prevista para Junho, as empresas estão a racionar o stock, para beneficiar do aumento. As farmácias e as empresas distribuidoras e grossistas estão a cancelar, desde o início da semana, as encomendas dos medicamentos à espera que entre em vigor o aumento das margens de lucro, previsto para Junho. Esta situação pode levar à ruptura de medicamentos no mercado, prejudicando os doentes.

Poder-se-á dizer que as farmácias não podem fazer promoção ou publicidade aos medicamentos com prescrição. É verdade. Mas, os alvarás de farmácia não são de livre acesso como os alvarás de tabacarias ou dos restaurantes.

Para além disso, quem se arrisca a abrir uma mercearia, sabe que não pode perder dinheiro, mas não tem margens de lucro garantidas, ao contrário das farmácias, que usufruem de uma situação única: uma margem de lucro garantida por quem lhes atribui o alvará, o Estado!

Como o "bolo" dos medicamentos é muito suculento, há sempre alguém que acha que ganha pouco com o "suco": o sector (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) solicitou a intervenção do Governo, alertando para uma alegada ilegalidade na falta de recepção de encomendas, motivadas por uma alteração legislativa, com consequências no fornecimento de medicamentos à população.

Mas, quem deveria emitir uma opinião, como entidade reguladora que é, assobia para o ar: A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), que representa o Ministério da Saúde, afirmou não 'ter informação a prestar' sobre o assunto.