Wednesday, September 17, 2008

Histórias muito mal contadas

Portugal tem um rácio de médicos por 1.000 habitantes superior a vários países europeus. Ou seja, se há países desenvolvidos que se governam com o mesmo número de médicos que Portugal, porquê que por cá, os médicos parecem jogadores de futebol? Ou pior, parece que o salário dos médicos está a ser objecto de especulação, como o petróleo o foi durante os últimos 6 meses (depois de no início de 2008, o petróleo estar a menos de 100 dólares por barril, atingiu quase 150 dólares, e está agora novamente abaixo dos 90 dólares)!

Vejamos o que aqui nos contam:
  • Os médicos começam a ser assediados logo no último ano da sua formação específica (internato) por empresas privadas de médicos que lhes oferecem chorudos pagamentos para realizarem horas em hospitais carenciados de clínicos.
  • os internos de especialidades como anestesiologia, ginecologia/obstetrícia, pediatria e otorrinolaringologia são os que mais frequentemente são convidados para, quando terminarem a sua formação, prestarem esses serviços.
  • O pagamento, à hora, que estas empresas oferecem aos médicos, é muito mais elevado do que o que os hospitais públicos pagam, apesar de o serviço ir ser prestado em hospitais do SNS.
  • Para Rui Guimarães, este é "um trabalho de mercenário" que nada tem a ver com as ambições de quem estuda e se especializa num hospital público.
  • De acordo com Rui Guimarães, estas empresas negoceiam com os internos que frequentam o último ano da especialidade, oferecendo valores elevados por hora de serviço e, no caso de se tratar de hospitais fora do local onde os clínicos vivem, chegam a oferecer estadias em hotéis.

Mas, afinal os médicos são formados com base em dinheiros públicos, e logo à saída das Faculdades vão trabalhar para empresas privadas que fornecem serviços ao SNS (Estado)? Como? Não poderá ser isto considerado uma alta tramóia? Não estarão os Altos Funcionários do Estado, relacionados com o SNS, a colaborar também com tal tramóia? Depois, vêm dizer que o déficit tem que ser reduzido!